Apesar de se ter distanciado publicamente da empresa que fundou há alguns anos, Bill Gates parece que ainda está a mexer os cordelinhos na Microsoft. Aliás, a sua sombra não só paira nos corredores da empresa como pode ter desempenhado um papel importante nas decisões que levaram a que tecnológica roubasse o título de empresa mais valiosa do mundo à Apple no início do ano.

Segundo uma investigação da Business Insider, citando fontes ligadas à Microsoft, além de conselheiro de Satya Nadella, o atual CEO, Bill Gates também analisou produtos, teve influência no recrutamento de cargos importantes e tem estado envolvido na parceria da Microsoft com a OpenAI.

Breve história do percurso

  • Bill Gates cofundou a Microsoft em 1975 com Paul Allen, que faleceu em 2018.
  • Foi CEO até 2000, tendo sido substituído nesse ano por Steve Ballmer, amigo de faculdade e braço-direito, e passado a liderar a divisão de software até 2006, cargo que acumulou ao de presidente do conselho de administração até 2014.
  • Iria permanecer nesse mesmo conselho de administração até março de 2020, altura em que apresentou a demissão para se dedicar à filantropia (esta é a versão oficial, mas a saída aconteceu a meio de uma investigação sobre denúncias de comportamentos inadequados de Gates para com funcionárias, acusações de ter tido um caso extraconjugal, e de ter tido vários encontros com Jeffrey Epstein).

Ou seja, segundo a notícia, Nadella é o “rosto público do sucesso da empresa em matéria de Inteligência Artificial”, mas é Bill Gates o verdadeiro estratega e o “homem por detrás da cortina”.

A relação com a Open AI

Reza a história que o casamento da Microsoft com a OpenAI foi orquestrado por Kevin Scott, o diretor de tecnologia da empresa. Scott conhecia Altman há anos e, no verão de 2018, organizou um encontro entre Altman e Nadella. Os três terão conversado e as ideias revelaram sinergias — que ultimamente resultaram num acordo que ditou a sua estreita e mais do que conhecida colaboração.

Mas, segundo a Business Insider, há um detalhe omisso entre as entrelinhas: Gates tem mantido uma relação próxima com a OpenAI desde 2016 e foi ele que, em 2022, já depois de ter saído da administração da Microsoft, desafiou Altman e a OpenAI a criarem um modelo de IA capaz de passar num complicado teste de biologia, coisa que Gates acreditava não ser possível.

  • Resultado do desafio: em agosto de 2022, Sam Altman foi a casa de Gates revelar o GPT-4 em primeira mão durante um jantar (o GPT-4 só ficou disponível ao público em março de 2023). A notícia, de resto, até vai mais longe nesta relação de Bill Gates e Sam Altman. Além de uma fonte explicar são que “bons amigos”, é referido que a “OpenAI leva a sério” a opinião do veterano da Microsoft.

Papel de Gates vai além da OpenAI

Ao longo dos anos, de acordo com a Business Insider (BI), Gates também tem feito duas coisas: dado feedbacksobre os produtos e pressionado a Microsoft a apostar em produtos turbinados a IA virados para o consumido (como o popular Copilot).

Ou seja, há quem veja na contratação por parte da Microsoft de Mustafa Suleyman, cofundador da DeepMind e alguém que passou muitos anos na Google, como uma influência de Gates em Nadella e na sua estratégia.

A negação e o futuro

Apesar do artigo sugerir que Bill Gates ainda está envolvido na operação da Microsoft, um porta-voz da empresa negou à BI que isso seja verdade: “É fundamentalmente incorreto e não corresponde à realidade”. Nem Gates está envolvido nas operações diárias, nem a sua relação com Altman é mantida em prol do interesse da empresa.

Isto é, oficialmente, Bill Gates não está envolvido no presente ou futuro da Microsoft, mas sim empenhado noutra missão: em dar “praticamente” toda a sua riqueza à Fundação Bill e Melinda Gates e, eventualmente, sair da lista das pessoas mais ricas do mundo.

Certo é que, a ser verdade aquilo que corre nos bastidores, a sua missão pessoal parece que se estende além da filantropia. E, mesmo estando agora com 68 anos, graças à sua sugestão para se apostar em produtos turbinados a IA virados para o consumidor (como o popular Copilot), a Microsoft está novamente no topo e focada na tecnologia que muitos acreditam vir a dominar o futuro.

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