Os números divulgados hoje pela plataforma internacional de pagamentos Swift mostram que a quota do yuan nos pagamentos globais ascendeu a 4,6%, em novembro, face a 3,6% no mês anterior.

O yuan ultrapassou o iene pela primeira vez desde janeiro de 2022 para se tornar a quarta moeda global mais usada, atrás da libra esterlina, do euro e do dólar.

Os últimos ganhos do yuan nos pagamentos globais devem ser bem recebidos por Pequim, que ambiciona aumentar o perfil internacional da moeda como parte de um esforço mais amplo para contrariar o domínio de longa data do dólar nas finanças globais.

Os dados de novembro "podem mesmo ser o início de uma tendência de aumento progressivo da quota do [yuan] nos [pagamentos] Swift", escreveu Chi Lo, estratega para a Ásia-Pacífico do BNP Paribas Asset Management.

Os economistas afirmaram que o último aumento se deveu, em parte, às taxas de juros mais baixas na China que, enquanto conduziram à saída de investidores estrangeiros do mercado obrigacionista, também tornaram a moeda mais competitiva no domínio do financiamento do comércio.

A taxa de juros de referência da China está atualmente fixada em 3,45%.

O dólar continua a representar mais de 80% do mercado mundial de financiamento do comércio.

"A dinâmica subjacente ao financiamento do comércio tem vindo a alterar-se nos últimos meses, à medida que as taxas de juro do yuan caíram", afirmou Kelvin Lau, economista para a Grande China do Standard Chartered, citado pelo jornal britânico Financial Times.

Com o banco central da China a inclinar-se para uma taxa mais flexível, enquanto os bancos centrais ocidentais mantiveram as taxas elevadas, Lau disse que o custo do financiamento do comércio com yuan caiu o suficiente para se tornar atrativo para alguns parceiros comerciais.

"Este novo fenómeno de o yuan ser visto como uma moeda de taxa de juro baixa abre a porta para que a moeda chinesa desempenhe um papel mais importante no financiamento do comércio", acrescentou.

O argumento a favor de uma maior utilização do yuan nos pagamentos globais - particularmente através de canais que contornem o Swift - também foi reforçado pelas sanções ocidentais contra a Rússia, que colocaram outras economias em alerta sobre a dependência face ao dólar.

"A aceleração dos pagamentos em yuan é, em parte, um reflexo da situação geopolítica a que estamos a assistir", afirmou Mansoor Mohi-uddin, economista-chefe do Banco de Singapura. "Isso e as tendências de longo prazo nos fluxos comerciais podem estar a acelerar a aceitação da moeda chinesa", apontou.

JPI // MSF

Lusa/Fim