"Os jovens cabo-verdianos são hoje mais qualificados e ambicionam, legitimamente, melhores empregos e com melhores rendimentos. E nós para lá chegarmos temos de trabalhar para criarmos permanentemente novas oportunidades", afirmou o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia.

O também ministro das Finanças falava à imprensa, na cidade da Praia, no âmbito de um workshop de validação técnica do Plano Estratégico do Observatório do Mercado de Trabalho do país, indicando que as novas oportunidades são ao nível das tecnologias de informação e comunicação, nas economias azul, verde e do conhecimento, línguas, valores e competências técnicas.

"Isto só será possível se investirmos muito na conectividade, nas infraestruturas de transporte, de energia, mas também é fundamental que tenhamos um setor privado cada vez mais pujante, a investir junto com o Estado e a criar essas oportunidades", prosseguiu o governante.

Neste aspeto, Olavo Correia sublinhou a mudança de modelo do Governo de financiamento das obras públicas, chamando o setor privado para que ele também invista, nos portos, nas energias renováveis, para que o Estado possa concentrar em áreas em que só ele pode intervir.

"Cabe ao setor privado criar emprego e cabe ao Estado criar as condições para que o setor privado crie emprego. Então, essa parceria entre o público e o privado é fundamental para que tenhamos uma economia resiliente, diversificada e capaz de criar permanentemente empregos mais bem remunerados e mais qualificados para os jovens", referiu.

Entretanto, no mercado de trabalho em Cabo Verde ainda persistem vários problemas, como os acidentes, precariedade, subemprego, exclusão dos jovens, baixos salários, justificado pelo ministro com a informalidade, tendo reafirmado o apelo para a formalização da economia e para que todos paguem impostos.

E um dos aspetos para isso é a certificação de profissões e atribuição das respetivas carteiras profissionais, o que para Olavo Correia vai colocar novas exigências ao mercado de trabalho, quer para os que estão a entrar, quer em termos de remuneração.

"É um desafio Hércules, mas que abrange todos, e estamos muito focados e a trabalhar para que isto venha a acontecer em Cabo Verde e estamos todos os dias a criar condições para que isso aconteça para a nossa juventude", garantiu.

Segundo dados avançados pelo também ministro do Fomento Empresarial e da Economia Digital, Cabo Verde tem 412 mil pessoas com 15 ou mais anos, dos quais 53 em cada 100 constituem força de trabalho e destes, 52 em cada 100 estão no emprego informal.

O vice-primeiro-ministro sublinhou ainda que o mercado de trabalho atualmente é global, exigindo jovens altamente qualificados, mas também é mais flexível, em termos de horário e de contratos.

E entendeu, por isso, que o emprego digno é a via para reduzir a pobreza e as desigualdades sociais e assimetrias regionais no arquipélago.

O Observatório do Mercado de Trabalho foi criado em maio de 2020, sendo a entidade independente e de investigação que tem as competências para fazer o diagnóstico, prevenção, antecipação e solução de problemas relacionados com o emprego e o Plano Estratégico contém ações que serão realizadas nos próximos cinco anos.

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