De acordo com o documento do banco central, a diminuição das reservas deveu-se, fundamentalmente, à venda de 50% do ouro em carteira, no quadro da estratégia definida pelo Banco relativamente aos ativos sob gestão no exterior.

O objetivo foi, segundo o regulador bancário em Cabo Verde, "aproveitar as condições de mercado favoráveis, enquanto ativo de refúgio, e da apreciação do dólar dos Estados Unidos da América, associados ao eclodir do conflito entre a Rússia e a Ucrânia".

A mesma fonte recordou que a 31 de dezembro de 2022 o preço do ouro nos mercados internacionais registou uma ligeira descida face ao mesmo período do ano anterior e fixava-se nos 1.824,02 dólares norte-americanos por onça troy.

"De referir que, de abril a outubro de 2022, observou-se um movimento contínuo de desvalorização do metal amarelo, tendo-se registado nessa data 1.633,56 dólares americanos por onça troy", prosseguiu ainda o BCV no seu relatório anual.

Em 2021, também em relatório e contas, o BCV indicou que o investimento em reservas em ouro valorizou 4,69%, para 5.710.265 escudos (51,6 milhões de euros), mantendo-se a quantidade inalterada, em cerca de uma tonelada.

O BCV comprou ativos em ouro pela primeira vez em agosto de 2020 (32 mil onças de troy), tendo fechado aquele ano com um peso de 6,68% daquele metal nos ativos da instituição.

Cabo Verde juntou-se à lista de países de língua portuguesa que, segundo a organização World Gold Council, detêm reservas de ouro, a qual era liderada no final de 2020 por Portugal (14.º mundial, 383 toneladas).

Ainda no ano passado, o Banco de Cabo Verde avançou que as suas reservas cambiais atingiam 72,3 mil milhões de escudos (656 milhões de euros), e desagregavam-se em ouro e ativos sobre o exterior.

No período em análise, as reservas cambiais do BCV aumentaram 5,44% face ao ano anterior, que resulta, essencialmente, das entradas provenientes de operações cambiais resultantes da aceitação de cartões internacionais na rede vinti4 e dos desembolsos de parceiros internacionais, no quadro da ajuda orçamental e financiamento de projetos de investimento.

Entretanto, foi atenuado pela venda líquida de divisas às instituições de crédito, no âmbito da execução da política monetária, e pelos pagamentos da dívida externa e de outras responsabilidades do Estado de Cabo Verde.

Em termos de composição, por moeda, no final de 2022 as reservas cambiais de Cabo Verde eram constituídas por euro (73%), dólar dos Estados Unidos da América (18,28), yuan chinês (4,19%) e Direitos de Saque Especiais (sigla inglesa SDR), com 4,53%.

"A aplicação em títulos estrangeiros é a principal componente das reservas cambiais que, a 31 de dezembro de 2022, caracterizava 40,58 % do total do valor", contabilizou o banco central.

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