Em entrevista à agência Lusa após regressar da viagem à volta do mundo que durou 10 anos, o dinamarquês disse que o melhor conselho que pode dar aos jovens que queiram viajar é que se realmente têm esse desejo que “sigam o plano e façam acontecer”.

“Muitas pessoas encontram desculpas. Uma vez lá fora, tu deves permanecer positivo, aberto e sorrir muito. Garanto que isso mudará o teu mundo. Experimenta a comida local, aprende um pouco o idioma local e usa-o sempre que puderes”, referiu.

O primeiro homem a conseguir viajar por todos os países do mundo sem usar transporte aéreo e sem regressar a casa deixa ainda outras dicas, como por exemplo, confiar nas pessoas, mas antes de mais confiar na própria intuição.

“O mundo não é um lugar totalmente seguro, embora eu afirme que a grande maioria das pessoas que conhecemos são pessoas de bom coração e bem-intencionadas”, acrescentou.

Questionado sobre quais as grandes lições dos últimos dez anos a viajar pelo mundo em contacto com centenas de pessoas diferentes, Thor destacou a confirmação da verdade do lema do seu projeto Once Upon a Saga, que diz que “um estranho é um amigo que tu nunca conheceste antes”.

“Lidar com pessoas de todo o mundo é como jogar na lotaria invertida, onde tu ganhas o tempo todo. É possível perder, mas isso quase nunca acontece e é totalmente contra todas as probabilidades. Pessoas são apenas pessoas, preocupadas com as coisas comuns, como cuidar da família, envolver-se no trabalho, escola, desportos, música, na comida. Descobri que há verdade no lema da Saga: um estranho é um amigo que você nunca conheceu antes”, considerou.

Sobre se recomendaria um dia a um filho seu uma aventura igual, Thor Pedersen foi perentório e disse que não recomendaria.

“A minha vida esteve em risco diversas vezes e eu não recomendaria isso. O projeto deu muito trabalho, foi altamente stressante”.

No entanto, recomendou a todos para que viajem tanto quanto possível para conhecer “mais pessoas”, “conhecer mais o mundo”, “aprender coisas novas”, “fazer novos amigos” e a tornarem-se “muito mais educados e tolerantes com as pessoas e culturas”.

Pedersen sublinhou, todavia, que está “feliz” por ter decidido fazer o projeto de viajar por todos os países do mundo sem usar o avião e por ter concluído a jornada com “sucesso”.

O dinamarquês, de 44 anos, viajou nos últimos dez anos pelos 203 países registados oficialmente no mundo, sem recorrer a viagens aéreas, sem poder visitar a sua casa na Dinamarca, e com a premissa de ficar pelo menos 24 horas em cada país.

Durante a realização do projeto, Thor sofreu de malária cerebral, teve a vida em risco mais do que uma vez, pediu a sua namorada em casamento e que atualmente é a sua esposa e resistiu à tentação de desistir do projeto e regressar a casa de avião.

As Maldivas foi o seu 203.º país e último, antes de concluir o projeto designado de Once Upon a Saga, que visa alertar para a sustentabilidade e promover a paz e a compreensão pelas diferentes culturas.

O pai de Thor pediu-lhe para não regressar a casa no caso de morrer enquanto o filho estava a concretizar o projeto, porque apenas iria ver um corpo morto.

O dinamarquês esteve em Portugal no último fim de semana a participar no evento sobre viagens organizado pela Associação de Blogers Portugueses (ABVP), em Guimarães.