“Obviamente, há pressão política vinda do outro lado do Oceano Atlântico […], está em todo o lado na Europa e é feita diretamente por líderes políticos de topo dos Estados Unidos”, afirmou o representante chefe da Huawei para as instituições europeias, Abraham Liu, em entrevista à agência Lusa, à margem do Dia Europeu de Inovação da Huawei, em Paris.

Numa altura em que a Huawei está no centro da polémica por alegada espionagem em equipamentos 5G, no seguimento de suspeitas lançadas pelos Estados Unidos sobre a instalação de ‘back doors’ (portas traseiras de acesso), Abraham Liu disse à Lusa que “a pressão está aí”.

Ainda assim, apontou que a Huawei tem um “historial de 20 anos” de presença na UE, e que tem demonstrado que “é um parceiro de confiança”.

Por isso, o responsável disse esperar que a Europa seja “capaz e inteligente o suficiente para tomar as suas decisões”.

“Acredito que a Europa deve ter a cibersegurança nas suas próprias mãos, independentemente do que os seus vizinhos sussurram aos seus ouvidos”, insistiu.

Para Abraham Liu, “a cibersegurança é mais uma questão técnica do que um assunto político”, já que “os Estados Unidos, mesmo sem a Huawei, estão a enfrentar sérios riscos”.

“E a Europa, com a Huawei, que está presente em 170 países em todo o mundo, tem o melhor historial em termos de cibersegurança”, realçou.

Assumida como uma prioridade europeia desde 2016, a aposta no 5G já motivou também preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão Europeia, em março deste ano, a fazer recomendações de atuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir empresas ‘arriscadas’ dos seus mercados.

Bruxelas pediu, também nessa altura, que cada país analisasse os riscos nacionais com o 5G, o que aconteceu até junho passado, seguindo-se agora a adoção de medidas comuns para mitigar estas ameaças, isto até final do ano.

Nessa análise feita aos riscos nacionais, os Estados-membros detetaram a possibilidade de ocorrência de casos de espionagem ou de ciberataques vindos, nomeadamente, de países terceiros.

Questionado pela Lusa se espera influência norte-americana nas medidas que serão adotadas pela UE para garantir a cibersegurança nas redes 5G, Abraham Liu notou que só aquando da sua divulgação “se verá”.
“Eu acredito em decisões que são favoráveis aos interesses europeus e creio que a Huawei é um parceiro para soluções, não uma parte do problema”, vincou.

O responsável argumentou também que “a Europa tem especialistas e operadoras de topo – como a Vodafone, Orange, Telefónica – e todos têm competências técnicas muito fortes e […] sabem o que estão a fazer”.

A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias.

Já questionado sobre a nova Comissão Europeia, que deverá iniciar funções no início de dezembro com uma clara aposta na área digital e da cibersegurança, Abraham Liu adiantou que a Huawei “está ansiosa” por trabalhar com o novo colégio de comissários.

Por: Ana Matos Neves enviada da Agência Lusa

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