“O jornalismo não é um crime” — a frase estava inscrita nas ‘t-shirts’ de dezenas de manifestantes que se reuniram hoje para exigir a libertação de dois jornalistas da agência Reuters, presos há um ano, por investigarem o massacre de muçulmanos rohingyas pelo exército.

Muitos dos manifestantes exibiram cartazes mostrando a primeira página da revista Time, que homenageia os dois jornalistas e outros que este ano foram alvo de perseguição e crime, tendo sido considerados pela revista como “guardiões na luta pela verdade” e eleitos “Figuras do Ano”.

“O facto de que eles estão presos por um crime que não cometeram levanta muitas questões sobre o compromisso de Myanmar com a democracia”, criticou Stephen J. Adler, editor-chefe da Reuters, num comunicado hoje divulgado.

Wa Lone, 32 anos, e Kyaw Soe Oo, 28 anos, foram sentenciados no início de setembro, num juízo de primeira instância, acusados de violarem segredos de Estado.

Os repórteres estavam a investigar a morte, em 2017, de dez rohingyas, durante ações de repressão militar contra essa comunidade muçulmana, num caso que a ONU rotulou de genocídio.

Os jornalistas encontram-se presos desde a sua detenção, em dezembro de 2017, aguardando que um tribunal de Naypyidaw analise o seu recurso, o que deve acontecer no dia 24 de dezembro.

A condenação tem sido amplamente divulgada em todo o mundo e é lida como o resultado de um julgamento manipulado, destinado a impedir o trabalho de jornalistas sobre as ações dos militares contra os rohingyas.

Apesar das críticas internacionais, a dirigente política Aung San Suu Kyi (prémio Nobel da Paz em 1991) considerou justificadas as detenções dos dois jornalistas, recusando-se a intervir durante o primeiro julgamento, apesar de o governo que lidera ter tido a oportunidade de deixar cair as acusações contra eles.

Desde agosto de 2017, mais de 700.000 rohingyas fugiram para Bangladesh, em resultado da violência das forças armadas birmanesas e das milícias budistas.

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