As reservas obrigatórias dos bancos comerciais no banco central estavam fixadas pelo Banco de Moçambique no coeficiente de 10,5% em moeda nacional e 11% em moeda estrangeiro no início de janeiro último, e totalizavam então 62.616 milhões de meticais (925 milhões de euros).

Entretanto, nos primeiros seis meses do ano, o Banco de Moçambique aumentou por duas vezes esse coeficiente, com o argumento de ser necessário para "absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária".

O último desses aumentos aconteceu em junho, chegando então a 39% dos depósitos em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira a ficarem em reserva bancária.

No mês seguinte, em julho, segundo dados oficiais a que a Lusa teve hoje acesso, essas reservas bancárias ascendiam a 236.395 milhões de meticais (3.491 milhões de euros), traduzindo-se um aumento de 277% no espaço de seis meses.

Em junho, após o segundo aumento destes coeficientes, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) considerou que a decisão torna ainda mais caro contrair financiamento bancário, essencial numa economia de pequenas e médias empresas, que vão ter mais dificuldades.

Também economistas moçambicanos ouvidos na altura pela Lusa consideraram "nociva" para as empresas a decisão do banco central de aumentar os coeficientes de reservas obrigatórias, assinalando que a medida "não vai resolver" a espiral de inflação, porque esta "variável" é condicionada por "problemas estruturais".

"Significa que [as empresas] vão pagar as suas dívidas com um custo muito maior" e esta medida "pode pôr em causa a rentabilidade e a continuidade das operações de muitas empresas, é a parte nociva que acompanha estas medidas de caráter restritivo", disse em junho passado Egas Daniel, economista e coordenador do programa em Moçambique do International Growth Center (IGC) da London School of Economics.

Já o economista Elcídio Bachita considerou arriscada a decisão de subir os coeficientes de reservas obrigatórias impostas aos bancos comerciais: "Eu diria que não é exatamente uma medida prudente".

"Naturalmente que isto vai ter as suas repercussões", acrescentou, alegando que "os bancos comerciais vão ficar com menos recursos financeiros para financiar a economia".

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