"Continuamos a ouvir alguns apelos a uma paz abstrata, mas a maioria não pretende de facto dizer paz, antes outra coisa", disse Kuleba num discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, reunida para discutir a situação na Ucrânia.

Segundo o ministro, quando alguém pede a Kiev para se sentar à mesa das negociações e pôr termo à guerra, "o que realmente estão a dizer é que seja permitido à Rússia manter a terra que roubou e continuar a matar, torturar, violar e intimidar as pessoas dos territórios ocupados".

"Outros dizem cinicamente que a Ucrânia está a prolongar a guerra. O que na realidade dizem é que a Ucrânia se deve render e deixar que a Rússia termine quanto antes o seu genocídio", insistiu.

"Também escutamos vozes que pedem o fim do envio de armamento à Ucrânia porque não ajuda à paz. Parece fantástico, mas o que essa gente quer realmente dizer é que se deixe a Ucrânia indefesa", acrescentou.

Kuleba frisou que, após ter resistido a quase um ano e meio de guerra, a reposta da Ucrânia a todas estas sugestões é "não e outra vez não".

"Não a um genocídio sob o pretexto da paz. Não a um falso pacifismo que justifica os crimes do agressor. Não a concessões territoriais na perspetiva de uma ilusão de paz", adiantou.

No seu discurso, Kuleba denunciou uma vez mais o sofrimento da população civil, recorreu ao testemunho de crianças atingidas pela guerra e pediu a todos os governos, que ainda não o tenham decidido, a abandonarem a neutralidade e considerarem juntar-se às garantias de segurança para o país prometidas pelos membros do G7.

A Rússia, que interveio de seguida, considerou que o prosseguimento da guerra é da responsabilidade do "regime fantoche" de Volodymyr Zelensky, e sobretudo das potências ocidentais.

"Hoje, a Rússia enfrenta na Ucrânia sobretudo Washington e os seus aliados da NATO, que estão a combater numa guerra indireta contra a Rússia até que caia o último ucraniano", disse o embaixador adjunto junto da ONU, Dmitry Polianskiy.

O diplomata considerou ainda que o ocidente deve entender que não vai ganhar a guerra no campo de batalha e reiterou que Moscovo continuará no país vizinho até à conclusão de todos os objetivos fixados na sua intervenção.

A ofensiva militar russa em curso no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

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