"Nós consideramos que estas ações estão na fase do declive final", afirmou Sérgio Domingos Cipriano, acrescentando que no distrito de Mocímboa da Praia a atuação desses insurgentes caracteriza-se atualmente por "pequenos movimentos e pequenas ações", até porque nas últimas semanas "a direção dos terroristas foi desfeita completamente", pelos militares.

"As Forças de Defesa e Segurança e as suas congéneres [estrangeiras] estão no terreno a clarificar" a situação de segurança, acrescentou.

Aquele distrito foi o primeiro palco dos ataques, em 05 de outubro de 2017, dos grupos armados que protagonizam incursões em Cabo Delgado. A vila sede de Mocímboa da Praia chegou mesmo a funcionar como quartel-general dos rebeldes durante pouco mais de ano, até ser recuperada, em agosto de 2021, pela ação conjunta das forças governamentais moçambicanas e do Ruanda.

Segundo Sérgio Domingos Cipriano, a população das áreas que tinham sido tomadas pelos rebeldes naquele distrito está a voltar ou a pedir para regressar, nos casos em que ainda não foi autorizada pelas entidades competentes. Ainda assim, estima que cerca de 3.000 pessoas, que retornaram ao distrito, necessitam de apoio.

Contudo, afirma: "O clima de paz está cada vez mais próximo, a direção dos terroristas foi desfeita, pode existir uma e outra resistência de menos força".

O administrador de Mocímboa da Praia também assumiu que os insurgentes "estão desesperados e estão a passar mal em termos de logística e de liderança".

Sérgio Domingos Cipriano destacou que a prova de que há tranquilidade em Mocímboa da Praia está no facto de a vila sede do distrito estar a acolher a campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 11 de outubro, que vão decorrer em todos os 65 municípios de Moçambique, incluindo em Cabo Delgado.

"A população está tranquila. Está em festa", enfatizou Sérgio Domingos Cipriano.

Todos os partidos políticos estão no terreno, principalmente as três principais forças políticas do país, prosseguiu.

A província de Cabo Delgado enfrenta há precisamente seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Essa insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.

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