De acordo com o balanço económico e social da execução do Orçamento do Estado de janeiro a março, do Ministério da Economia e Finanças, este desempenho corresponde ainda a 24,5% de todas as despesas do Estado previstas para este ano, avaliadas em quase 316.919 milhões de meticais (4.540 milhões de euros).

A maior rubrica prende-se com as despesas com pessoal, que cresceram 9,9% no primeiro trimestre face ao período homólogo de 2022, para mais de 48.478 milhões de meticais (694,5 milhões de euros), representando 26,2% do total orçamentado para os 12 meses. Em concreto, os salários e remunerações representaram em três meses um aumento de despesa pública de 10,8% face ao primeiro trimestre de 2022, para quase 47.260 milhões de meticais (677 milhões de euros).

O FMI considerou em 14 de julho que o Governo moçambicano deve "reduzir a massa salarial" ao nível dos países da região, para poder investir nas áreas prioritárias, como no combate à insegurança alimentar e à pobreza.

Os encargos com a dívida pública aumentaram 48,3% no primeiro trimestre, para quase 12.671 milhões de meticais (181,5 milhões de euros) e as despesas de capital, relativas a investimentos nomeadamente em obras públicas, cresceram 44,6%, para mais de 376 milhões de meticais 5,4 milhões de euros).

O Estado moçambicano espera reduzir em 500 milhões de meticais (cerca de 7,2 milhões de euros) a massa salarial da função pública com as correções a efetuar após auditorias feitas até julho.

"Cerca de 500 milhões de meticais: vai ser a redução decorrente do impacto das auditorias, pelas correções que vão ser feitas", disse em junho o inspetor-geral de Finanças, Emanuel Mabumo, em conferência de imprensa, em Maputo.

As auditorias fazem parte das medidas anunciadas no início do ano pelo Governo para conter o crescimento da massa salarial com a implementação da Taxa Salarial Única (TSU), contestada nomeadamente pelos médicos, que estão em greve nacional desde 10 de julho.

As averiguações às contas abrangem 374 mil funcionários do Estado de todas as áreas.

Na altura tinham sido já analisados quase metade dos casos e foram detetadas inconformidades em 20%, referiu o inspetor-geral.

Aquele responsável prevê que "esta média se mantenha" até ao final das auditorias, o que permite avançar com a estimativa de 500 milhões de meticais de correção mensal.

A TSU foi aprovada em 2022 por forma a eliminar assimetrias e manter a massa salarial do Estado sob controle a médio prazo, mas o arranque fez disparar os salários em cerca de 36%, de 11,6 mil milhões de meticais/mês (169 milhões de euros/mês) para 15,8 mil milhões de meticais/mês (231 milhões de euros/mês).

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