"Se temos um imposto para produzir hidrogénio que não existe em França ou em Portugal com certeza a nossa decisão será ir para Portugal ou França", disse Antonio Brufau, em Madrid, citado pelos meios e comunicação social espanhóis.

O presidente da Repsol, uma empresa espanhola, disse que estão em causa "investimentos que, se não se fizerem num quadro de estabilidade e com um quadro fiscal atrativo, nem melhor nem pior, competitivo em relação às regiões próximas" de Espanha, não avançarão.

Antonio Brufau considerou incompreensível que Espanha, ao contrário de outros países, queira manter um imposto extraordinário e transitório para as empresas da área da energia baseado em "hipotéticos" lucros extraordinários.

"Os custos a que o Governo submete as suas empresas colocam-nas em clara desvantagem competitiva", defendeu.

O Governo espanhol criou um imposto extraordinário e temporário para taxar o que considera serem lucros extraordinários das empresas energéticas axe da banca associados à inflação elevada.

No caso das empresas energéticas (petrolíferas, elétricas e de gás), o imposto é de 1,2% sobre o volume de negócios em 2022 e 2023.

O imposto é aplicado às empresas que têm como atividade principal a energia e que em 2019 faturaram mais de mil milhões de euros, ficando excluídas as vendas que fizerem fora de Espanha.

O executivo espanhol afirmou que a receita servirá para financiar as medidas que tem adotado desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, para tentar diminuir os efeitos da inflação na economia e nos rendimentos das famílias.

No mês passado, tomou posse um novo Governo em Espanha, saído das eleições de 23 de julho, que volta ser uma coligação do partido socialista (PSOE) com a plataforma de forças de esquerda Somar.

Segundo o acordo de coligação, os dois partidos pretendem avançar com "uma reforma fiscal justa que faça com que a banca e as grandes energéticas contribuam para a despesa pública".

MP // JNM

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