"A Comissão Política Nacional (...) decidiu pela manutenção da realização das manifestações em todo o país e boicote às atividades da Assembleia da República, assembleias provinciais e municipais como forma da luta política", declarou Alfredo Magumisse, porta-voz da Comissão Política da Renamo, durante uma conferência de imprensa em Maputo.

O maior partido da oposição não participa das reuniões plenárias do parlamento desde que as atividades do órgão iniciaram a 19 de outubro, tendo o Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar) se juntado ao protesto contra os resultados das sextas eleições autárquicas de 11 de outubro, faltando em pelo menos três sessões.

Na reunião daquele órgão, realizada na terça-feira, a Comissão Política da Renamo condenou ainda o comportamento e a atitude da Polícia da República de Moçambique (PRM) durante as manifestações realizadas pelo partido no país, numa das quais as autoridades dispararam gás lacrimogéneo contra os manifestantes.

"A Comissão política da Renamo repudia e condena as intimidações e ameaças de mortes aos concidadãos por exercerem o seu direito democrático, de expressão e defesa da verdade, tendo esta comissão concluído que o incitamento a violência tem ADN do regime e é operacionalizado pela PRM", acrescentou Alfredo Magumisse.

A Renamo anunciou para sábado a realização de mais uma marcha na cidade de Maputo, liderada pelo candidato à autarquia, Venâncio Mondlane, que afirma ter vencido eleição na capital, com 55% dos votos, com base no apuramento através das atas e editais originais.

A oposição tem realizado manifestações contra os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que dão a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, em 64 das 65 autarquias, incluindo Maputo, à exceção da cidade da Beira.

A Renamo, que nas anteriores 53 autarquias (12 novas autarquias foram criadas este ano) liderava em oito, ficou sem qualquer município, apesar de reclamar vitória nas maiores cidades do país, com base nas atas e editais originais das assembleias de voto, tendo recorrido para o Conselho Constitucional, última instância de recurso no processo eleitoral.

Alguns tribunais distritais chegaram a reconhecer irregularidades no processo eleitoral e ordenaram a repetição de vários atos eleitorais, enquanto na rua se realizam regularmente manifestações de contestação aos resultados anunciados, os quais terão ainda de ser confirmados pelo Conselho Constitucional.

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