O secretário-geral da Business Roundtable Portugal (BRP), Pedro Ginjeira do Nascimento, deu conta das propostas da entidade, destacando que são no sentido de "inverter a tendência de que seja a prioridade pôr o Estado a crescer" e que "passe a ser prioridade pôr as pessoas e as empresas a crescer".

Para isso, destacou, é preciso reduzir os impostos sobre o trabalho, com enfoque nos jovens, impedindo a sua saída do país.

O dirigente associativo explicou que a associação propõe, neste âmbito, trocar o IRS Jovem pelo programa Regressar. "O que nós acreditamos é que é mais fácil, em vez de estar a criar mais um modelo novo", usar o mesmo mecanismo, aplicando o programa Regressar, que foi criado para estimular o regresso de emigrantes a Portugal, a todos os jovens.

Pedro Ginjeira do Nascimento disse ainda que é preciso reduzir a taxa de IRC, destacando "enquanto os outros países estão preocupados em atrair as empresas que faturam 750 milhões de euros", em Portugal parece que o que se quer "é ter muitas empresas que faturem menos de 50 mil euros".

"Isto não é volume de negócios para uma empresa", criticou.

Alertou ainda para a complexidade do sistema fiscal português: "gera também litigiosidade, porque quando temos muitas regras, e regras que ainda por cima estão sempre a mudar, acabamos por ter litigiosidade".

"Temos entre 5% a 7% do PIB parado à espera de uma decisão dos tribunais fiscais, que são dos mais lentos da União Europeia", lamentou.

Pedro Ginjeira do Nascimento defendeu que as retenções na fonte deviam ser menores, destacando que, no IRS e IRC, foram retirados às famílias e às empresas montantes elevados, que só foram devolvidos "quase um ano depois, num ano de muita inflação de taxas de juro elevadas".

O dirigente associativo falou ainda do Estado "mau pagador", mas "que quer exigir que as empresas paguem rapidamente", sublinhando que há "quase 900 milhões de euros de dívidas a fornecedores do Estado, empresas e particulares, profissionais liberais, entre outros".

"Tudo junto isto faz mais do que o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]", assegurou. "Mas depois andamos aqui muito focados a discutir se o dinheiro de Bruxelas é utilizado ou não é utilizado quando nós temos muito dinheiro, nosso dinheiro português, que só depende das nossas decisões e que devia estar nas pessoas, nas famílias e nas empresas e não no Estado", rematou.

"Estas propostas são concretas", disse, salientando que acredita "que são exequíveis e que, portanto, caberiam dentro da capacidade orçamental do Estado", sem "pôr em causa a consolidação" e "reforçariam a capacidade de crescimento do país e de atração quer de talento dos jovens, quer de investimento nacional e estrangeiro".

A Associação BRP é composta por 41 líderes de empresas e grupos empresariais de diferentes setores, de grande dimensão. Em conjunto, contam com receitas globais de 124 mil milhões de euros, 59 mil milhões a nível nacional, empregam 424 mil pessoas, 218 mil em Portugal, onde garantem que "pagam um salário duas vezes superior à média do setor privado".

ALN // JNM

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