"Portugal está e estará sempre na linha da frente da ajuda a Moçambique para combater este flagelo [o terrorismo em Cabo Delgado]. Nós somos maiores participantes da missão de treino da União Europeia e vamos lutar para que esta missão seja renovada", declarou à Lusa António Costa Moura, à margem de um encontro que manteve com a Comunidade Islâmica de Cabo Delgado em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, norte de Moçambique.

Com um mandato de dois anos, iniciado em setembro de 2022, a EUTM-MOZ vai avaliar, com as autoridades moçambicanas, o futuro da sua presença em Moçambique, até ao final deste ano, tendo já formado cerca de 60 instrutores moçambicanos que vão continuar o treino de forças especiais, sobretudo para militares na linha frente no combate aos rebeldes em cabo Delgado.

Além de proporcionar treino operativo para a formação de forças de reação rápida (QRF, em inglês), a EUTM-MOZ tem também fornecido equipamento de combate aos membros dessas unidades, ultrapassando já 80 milhões de euros o valor do apoio material prestado.

Para Portugal, é fundamental que a formação continue, apesar dos resultados "positivos" que Moçambique têm registado no combate aos rebeldes na província de Cabo Delgado desde a chegada ao terreno das forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

"Vamos lutar para que o mandato da missão seja renovado e para que continue a formação dos militares moçambicanos para os habilitar a combater o flagelo que é o terrorismo", declarou o diplomata português, que constatou e destacou melhorias na situação de segurança.

O mandato da EUTM-MOZ prevê a formação de 11 unidades de QRF moçambicanas, sendo que cada uma tem uma composição equivalente a uma companhia militar.

A atual missão é constituída por um contingente de 117 pessoas, 65 das quais de Portugal, país que também assumiu o comando da EUTM-MOZ.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico e seus afiliados.

A insurgência levou a uma resposta militar, apoiada desde julho de 2021 pelo Ruanda e pela SADC, que permitiu libertar distritos junto aos projetos de gás, tendo surgido entretando novas vagas de ataques a sul de região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.

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