No encerramento do primeiro dia dos trabalhos da primeira reunião da IDC-África, que acontece na cidade da Praia, o também presidente do partido no poder em Cabo Verde reconheceu a existência de "crises de democracia e de confiança" dos cidadãos no sistema, recrudescimento do populismo, extremismo e golpes de Estado no continente, que condenou.

"Em quaisquer destas circunstâncias, a melhor resposta aos ataques à democracia é mais democracia, mais empoderamento aos cidadãos, mais confiança nas instituições e mais esperanças baseadas nos resultados", disse Ulisses Correia e Silva, também presidente do Movimento para a Democracia (MpD).

Para o político, os conflitos e instabilidade em vários países exigem reflexão sobre os vários fatores, entre eles a desigualdade, pobreza extrema, sentimento de injustiça social, contraste entre riquezas naturais e minerais e as riquezas de determinadas elites políticas.

Para o chefe do Governo cabo-verdiano, esses "terrenos férteis" podem conduzir a três tipos de respostas, nomeadamente a fragilização da democracia, disrupção violenta através do golpe de Estado e "a melhor" que é a disrupção pacífica através de escolhas livres dos cidadãos.

"Não é desejável. É condenável, sim, a disrupção violenta através de golpes de Estado. E não se pode, não se deve normalizar qualquer golpe de Estado, seja militar, seja institucional. Não é a forma legítima de chegar ao poder",declarou.

"A melhor escolha é fazer valer a democracia para a escolha em eleições livres dos cidadãos, em eleições livres que mereçam confiança dos atores políticos e dos cidadãos nos seus sistemas eleitorais e judiciais", insistiu.

Reconhecendo também a existem de interesses externos que provocam instabilidades em África, Correia e Silva insistiu que a melhor resposta perante este tipo de fenómenos é a prevenção dos riscos.

"A melhor prevenção e aposta na democracia, na boa governança, no combate à corrupção e em políticas que, de uma forma generalizada, tocam a vida das pessoas, na confiança e esperança", apontou, sublinhando que, mesmo com as suas falhas e imperfeições, a democracia é ainda o melhor sistema.

Ulisses Correia e Silva disse que o momento exige debate sobre a eficácia e a confiança nas instituições internacionais e regionais na prevenção de conflitos, mas também aposta na descentralização do poder para criar a "escola de democracia".

Com mais de 50 participantes da Europa, África e Américas e representantes de 15 partidos, um dos objetivos da reunião é analisar e expor a situação política no Sahel, com uma sequência de golpes de Estado que afetam não só os países individualmente, mas todo o continente.

A "Reunião de Praia", considerado um "marco significativo" na missão dessa família política de promover a democracia, os direitos humanos e a liberdade em África, vai ainda abordar o impacto da digitalização e da Inteligência Artificial no desenvolvimento dos países africanos, bem como os potenciais riscos que essas tecnologias representam para o processo democrático.

A IDC é uma organização partidária que integra cerca de 80 partidos da África, América, Ásia e Europa, e a cidade da Praia é a sede da IDC-África.

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