Com 62 votos a favor, 32 contra e sete abstenções, o plenário do Congresso peruano autorizou na quinta-feira Boluarte a deixar o país e governar de forma remota, algo permitido por uma lei aprovada pelo parlamento em 09 de junho.

O Peru não tem vice-presidentes desde que Boluarte, ela própria antiga vice-presidente, tomou posse como chefe de Estado a 07 de dezembro, após o anterior presidente, Pedro Castillo, ter sido afastado e detido por tentar um alegado golpe.

Na ausência de vice-presidentes, e até à aprovação da lei em 09 de junho, a constituição do Peru não permitia a Boluarte deixar o país por não ter ninguém a quem confiar a gestão do Governo.

Alguns deputados votaram contra por considerarem que a lei que permite a Boluarte governar de forma remota é "inconstitucional", enquanto outros defenderem que a Presidente devia concentrar-se em resolver a crise política e social causada pela repressão mortal dos protestos contra o afastamento de Castillo.

Ainda assim, a maioria autorizou a viagem, sublinhando a importância da presença do Peru na Cimeira da Amazónia, que acontecerá a 08 e 09 de agosto, na cidade de Belém, estado do Pará, e tem como objetivo obter um consenso sobre a preservação da floresta tropical.

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na quarta-feira que pretende, durante o encontro, obter uma posição unificada por parte dos oito presidentes dos países que têm nos seus territórios este bioma considerado 'o pulmão do planeta'.

O objetivo é "fazer um documento capaz de ser assinado por oito presidentes (...) e capaz de ser levado para a COP28 nos Emirados Árabes Unidos", afirmou Lula da Silva, referindo-se à cimeira da ONU sobre as mudanças climáticas, marcada para novembro.

Além dos oito países que compõem a Amazónia (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), foram convidados a Indonésia, a República Democrática do Congo e a República do Congo, nações que, juntamente com o Brasil, possuem as maiores florestas tropicais do mundo, bem como a França, pela Guiana Francesa.

Quase todos os chefes de Estado dos países da Amazónia marcarão presença no evento, com a exceção do Equador e Suriname.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, que é chefe de Estado da Guiana Francesa, ainda não confirmou presença.

Noruega e Alemanha, países que financiam o Fundo da Amazónia, foram também convidados.

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