Em declarações à agência Lusa à margem da comemoração dos 50 anos de aniversário do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, Carlos Cortes salientou que a "Ordem dos Médicos acompanha à distância, porque não faz parte da mesa negocial, [a negociação] que neste momento está a decorrer entre os sindicatos médicos e o Ministério da Saúde, com imensa apreensão".

"Porque em vez de, efetivamente, reconhecer a importância dos médicos, neste caso em concreto no Serviço Nacional de Saúde, de criar aqui mecanismos que possam atrair e fixar esses médicos, aquilo que nós vemos é mais uma vez mais do mesmo", lamentou.

O bastonário acrescentou que os médicos se sentem desiludidos "porque não existe reconhecimento" nem "vontade de construir mecanismos que possam satisfazer os sindicatos" e atrair estes profissionais para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"O que está aqui em causa é a sobrevivência do Serviço Nacional de Saúde e o Serviço Nacional de Saúde não vai só sobreviver com investimentos em infraestruturas e em meios tecnológicos, que obviamente são muito importantes", defendeu, realçando que, tal como dizia António Arnaut, "o maior valor" do SNS são os seus profissionais.

"Neste caso em concreto são os seus médicos, portanto é preciso investir nos médicos, dando condições remuneratórias adequadas, mas investir também dando condições de trabalho para os médicos poderem concretamente tratar os seus doentes, tratar quem precisa de cuidados de saúde", frisou.

Carlos Cortes reforçou que o SNS "precisa de uma revitalização em termos de condições para atrair médicos" tendo em conta as dificuldades que tem atualmente em termos de recursos humanos.

Os sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde tiveram uma reunião negocial extraordinária na quinta-feira, que terminou novamente sem acordo.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou nesse dia que vai manter as greves que agendou para este mês face à falta de acordo com o Governo sobre aumentos salariais e dedicação plena.

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) considerou o "aumento transversal de 3,6%" para os médicos proposto pelo Governo "um insulto a toda a classe", apontando ao executivo "falta de vontade política".

Na sexta-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, mostrou-se surpreendido por não ter sido possível chegar a acordo com as organizações sindicais dos médicos, afirmando esperar que haja "uma oportunidade para o diálogo" e de "aproximação de posições".

Estas negociações iniciaram-se em 2022, mas não tem havido consenso.

Uma nova reunião negocial extraordinária foi marcada para terça-feira.

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