"Há um aumento para 4%, são 21 mil contos (21 milhões de escudos - 190 mil euros) que não chegam às expectativas que nós temos de estar ainda mais presente na promoção da música cabo-verdiana a nível internacional, estar mais presente no financiamento de novas produções da música tradicional, que claramente está em desvantagem em relação à música mais popular", afirmou Abraão Vicente.

O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas falava na praia, à margem de uma reunião do conselho do ministério, reafirmando que o orçamento não é suficiente para continuar o projeto de reabilitação patrimonial, para contratação de quadros e ainda para construção de uma nova sede do Arquivo Nacional.

"A Cultura, apesar do seu enorme potencial, não pode continuar a ser gerido com essa escassez de meios e essa escassez de meios nota-se no momento, por exemplo, de concretizar o financiamento e as parcerias que nós temos com os festivais a nível nacional", apontou o ministro, que tem reclamado todos os anos acerca do reduzido orçamento para o seu ministério.

Segundo uma publicação na página do Governo, o orçamento do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas para este ano foi de 505.9 milhões de escudos (4,5 milhões de euros), o que corresponde a 0,64% do Orçamento do Estado.

Abraão Vicente disse que o programa do Governo é "pouco ambicioso" para as atividades que o ministério tem desenvolvido, para o futuro e que é preciso dar o "salto a nível da robustez do financiamento".

"Há um conjunto de programas, por exemplo, de apoio à música tradicional cabo-verdiana. Não conseguimos financiar o número de artistas de novos valores que nós acreditamos ser necessários para fazer. Todo o financiamento da lista indicativa do Património Imaterial da Humanidade ainda está completamente sem financiamento a nível do orçamento do Estado", lamentou.

"Temos um conjunto de eventos que não podem depender apenas do orçamento do Estado. Estamos no nosso oitavo ano de mandato enquanto Governo e a perspetiva é temos que dar o salto. Não é só a consolidação institucional", acrescentou.

O ministro da Cultura chamou atenção para a quantidade de festivais temáticos nos 22 municípios do país e questionou a origem desses recursos, tendo em conta a escassez do Orçamento do Estado.

"Temos uma prática que é a promoção das instituições nacionais, nós não podemos ser apenas um ministério que financia festivais e eventos. Não podemos ser 'caixa-2' porque temos reabilitação do património, manutenção dos museus, dos edifícios históricos nacionais, o financiamento de tudo aquilo que é a caixa salarial do Ministério da Cultura, a investigação, a publicação", enumerou.

Abraão Vicente disse que há um conjunto de projetos que a instituição tem estado a conseguir fora do quadro do orçamento, financiando alguns artistas, mas que poderiam fazer muito mais numa estratégia consolidada.

"É um orçamento à volta de 1 milhão e meio de euros nos próximos três anos, para colocar artistas cabo-verdianos nos grandes festivais consolidados nas plataformas digitais, financiar a produção de videoclipes e de uma narrativa sobre Cabo Verde como terra da música e para isso é preciso que nós encontremos esse financiamento fora do quadro Orçamento do Estado", apontou.

ROZS/RIPE // VM

Lusa/Fim