"Nós convidamos o presidente Lutero [Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique] para que possamos estar juntos nesta luta de salvação da democracia em Moçambique", afirmou o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade.

Momade falava numa conferência de imprensa, ao lado do dirigente máximo do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), após os dois políticos se reunirem em Maputo.

A Renamo e o MDM devem "avançar juntos" para impedir que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, "aniquile a democracia que custou muitas vidas dos moçambicanos", prosseguiu.

Ossufo Momade acusou a Frelimo de ter utilizado a Polícia da República de Moçambique (PRM) como "braço armado" do partido no poder, ao ordenar os agentes da corporação para alegadamente encherem e transportarem urnas, expulsar os delegados dos partidos políticos das mesas de voto e usar abusivamente o gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes pacíficos.

A Renamo, continuou, também tem informações de que foram subornados professores e diretores dos órgãos eleitorais para viciarem os resultados das eleições.

Ossufo Momade reiterou o compromisso do principal partido da oposição de não voltar a pegar em armas como instrumento de luta política, frisando que a Renamo vai contestar os resultados eleitorais através de manifestações nas cidades.

O presidente do MDM disse que assumiu com o líder da Renamo o compromisso de uma defesa coletiva da democracia, sustentando que os resultados das eleições autárquicas "foram manipulados".

"Estamos totalmente comprometidos com a democracia em Moçambique e a democracia se faz respeitando a vontade do povo, por isso, as urnas e o anúncio dos resultados devem refletir a vontade dos moçambicanos", enfatizou.

Segundo resultados distritais e provinciais intermédios divulgados pelos órgãos eleitorais nos últimos dias sobre 50 autarquias, a Frelimo venceu em 49 e o MDM na Beira.

Pelo menos cinco tribunais distritais já reconheceram irregularidades nas eleições e ordenaram a repetição de vários atos eleitorais, em alguns casos com os órgãos eleitorais e o partido no poder a submeterem recursos junto do Conselho Constitucional (CC) em contestação às sentenças, acórdãos e despachos dos tribunais distritais.

O CC, a quem cabe exclusivamente a validação de eleições em Moçambique, começou na terça-feira a decidir sobre o processo, tendo já anulado a decisão de invalidar o escrutínio em Chokwé, que tinha sido tomada por um tribunal distrital.

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