"Até à data, a inatividade do Conselho de Segurança das Nações Unidas e os vetos dos Estados-membros, nomeadamente dos Estados Unidos, tornam-nos cúmplices do massacre em curso", escreve a ONG.

"Hoje, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve exigir um cessar-fogo imediato e duradouro e levantamento do cerco. Esta responsabilidade recai sobre cada membro, a história julgará qualquer atraso em pôr fim a este massacre", realça a MSF.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, convocou uma reunião de emergência do Conselho para hoje sobre a situação humanitária em Gaza.

"A campanha israelita de assassínios indiscriminados, de negação de acesso a cuidados de saúde e de repetidas deslocações forçadas tornou insuportáveis ??as condições de vida de mais de dois milhões de pessoas" na Faixa de Gaza, acusa ainda aquela Organização Não-Governamental (ONG).

Israel impôs um cerco total ao território palestiniano desde 09 de outubro, dois dias após o ataque dos comandos do Hamas, que deixou 1.200 mortos, a maioria civis, em Israel, e cerca de 240 reféns.

Em retaliação, Israel bombardeou o território palestiniano e lançou uma ofensiva terrestre em 27 de outubro, interrompida no final de novembro por uma semana de tréguas, durante a qual foram libertados 105 reféns. Mas as hostilidades foram retomadas desde então. Segundo o governo do Hamas, mais de 17 mil pessoas, 70% delas mulheres e menores, morreram.

A ajuda humanitária que entra no território palestiniano, sob estritas restrições israelitas, "não é nada comparada às necessidades", disse Christopher Lockyear, secretário-geral da MSF Internacional.

"Os nossos colegas sentem-se desamparados quando ouvem crianças dizer-lhes que preferem morrer a continuar a sofrer", afirmou, citado no comunicado de imprensa.

"As pessoas estão desesperadas por comida, por causa do cerco cruel que lhes foi imposto", acrescentou.

"Não agir agora, declarando um cessar-fogo total e acabando com o cerco, seria imperdoável", insistiu, acrescentando: "os nossos médicos nada podem fazer pelos mortos".

O responsável da MSF denuncia "uma guerra total que não poupa os civis".

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