"Estou muito satisfeita pelo que está a ocorrer a nível europeu (...). Hoje temos objetivamente um Conselho Europeu no qual os 27 estão de acordo de que a prioridade consiste em travar a imigração ilegal através da ação externa", assegurou em declarações aos 'media' no final do conclave.

Meloni, primeira-ministra de um governo de coligação que inclui a extrema-direita e particularmente sensível a este tema devido ao intenso fluxo migratório proveniente de África em direção a Itália através do mar Mediterrâneo, assegurou que a estratégia terá de ser implementada, em particular no "combate às redes criminais de traficantes".

Meloni defendeu ainda a concretização de "um trabalho muito importante e complexo sobre as próprias razões da imigração em África", através de uma "associação estratégica" que inclua investimentos financeiros aos países de origem e trânsito migratório.

"Não implica disponibilizar recursos para desbloquear a imigração, mas antes para construir associações estratégicas que, por um lado, permitam a esses países compreender que a atitude da UE mudou, e enriquecerem com investimentos", considerou.

A cimeira de Granada terminou sem uma declaração final dos 27 Estados-membros sobre migração devido à oposição da Polónia e Hungria, cujos governos são parceiros de Meloni. A sua formação Irmãos de Itália (Fratelli d'Italia, Fdi), partilha o mesmo grupo europeu com os ultra-direitistas polacos do Lei e Justiça (PiS, no poder), e é amiga pessoal do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

O próprio Orbán criticou duramente a EU, acusando-a de "violar" e "forçar" a Hungria e Polónia a aceitar os recentes acordos sobre o Pacto de migração e asilo, que Meloni definiu como um enorme progresso nas reivindicações que colocava ao bloco comunitário.

A primeira-ministra italiana disse que compreendia "perfeitamente" a posição dos dois países, que utilizam a sua oposição à declaração final do Conselho como "único instrumento para fazer ouvir as suas vozes", mesmo que "não afete" o trabalho efetuado.

"Entendo-o, como eles entenderam a posição italiana, porque cada nação coloca os seus interesses nacionais na dianteira", alegou.

Meloni também se reuniu com o chanceler alemão Olaf Scholz, e assegurou que recebeu da sua parte o "apoio" aos acordos com a Tunísia sobre a vigilância das suas fronteiras marítimas, um pacto muito criticado devido à situação dos direitos humanos na costa africana.

Meloni também pugnou por uma revisão do orçamento a longo prazo da UE, para que seja incluído um "montante significativo" para gerir e conter a imigração.

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