De acordo com os dados do estudo, realizado este mês e consultado hoje pela Lusa, a prevalência do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) nos estabelecimentos penitenciários do país situa-se em 31,5% em reclusas e 25,4% em reclusos.

O levantamento foi realizado durante o ano de 2022 pelo INS, em parceria com o Serviço Nacional Penitenciário (Sernap), com o objetivo de "estimar a prevalência do HIV, sífilis e supressão viral do HIV entre reclusos e agentes penitenciários", mas também "avaliar comportamentos de risco associados" àquelas doenças, bem como avaliar o acesso e utilização de serviços de prevenção, testagem e tratamento para essas doenças.

"Os resultados apresentados mostram uma prevalência de sífilis em 10,9% em reclusos e 3,6% em reclusas. Relativamente à supressão viral, 94% de reclusos que vivem com o HIV conhecem o seu sero-estado, dos quais 84,1% estão em tratamento antirretroviral, e 76,3% alcançaram a supressão viral. Em reclusas, 98,4% das que vivem com o HIV conhecem o seu sero-estado, 96,1% estão em tratamento antirretroviral e 76,1 por cento atingiram a supressão viral%, lê-se na informação do INS.

"É nossa expectativa que o estudo possa contribuir para melhorar o acesso aos cuidados e tratamento, apoiar as intervenções relacionadas com a prevenção positiva e reforçar intervenções sociais e comportamentais para a prevenção da infeção por HIV e infeções de transmissão sexual entre a população reclusa, incluindo a importância do uso dos mecanismos de prevenção aconselhados", comentou, sobre este estudo, o diretor-geral do Sernap, António Augusto Maurice.

O inquérito foi realizado em 22 estabelecimentos penitenciários do país, entre março de 2022 a agosto do mesmo ano, envolvendo 1.069 reclusos, 99 reclusas e 135 agentes penitenciários, sendo que, em média, foram envolvidos 56 reclusos e seis agentes penitenciários em cada estabelecimento selecionado. O estudo contou com a colaboração e apoio do Fundo Global, Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, a Family Health International, Ariso entre outras entidades.

Trata-se do segundo inquérito bio-comportamental de género realizado em Moçambique, segundo o INS, após o realizado em 2011, com os resultados de então a apontarem para uma prevalência de HIV de 23,1% em reclusos e 36% em reclusas. Em relação à sífilis, a prevalência foi na altura de 15,6% em reclusos e 21% em reclusas.

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