De acordo com a imprensa local, o processo foi apresentado por três escritórios de advogados que representam pessoas afetadas pelos incêndios de Lahaina, antiga capital do arquipélago e uma das zonas turísticas mais populares do Havai.

A ação argumenta que a Hawaiian Electric, que fornece eletricidade a 95% do estado, "indesculpavelmente deixou as suas linhas de energia operacional durante as condições previstas de alto risco de incêndio".

"A destruição poderia ter sido evitada se os réus tivessem ouvido os avisos do Serviço Nacional de Meteorologia [norte-americano] e desligado a energia das suas linhas elétricas durante o evento de vento forte que era esperado" vários dias antes do início dos incêndios, afirma o processo.

A prática de desligar as linhas de energia por motivos de segurança pública é comum em partes do oeste dos Estados Unidos durante condições de alto risco de incêndio, já que estas linhas foram a causa de vários incêndios, especialmente na Califórnia.

Quando os incêndios começaram na passada terça-feira, 08 de agosto, e a ilha Maui ficou sem energia e telecomunicações, o sistema de alarme do Havai, o maior do mundo, não foi ativado, admitiram as autoridades.

A procuradora-geral do Havai, Anne López, anunciou no sábado que fará uma "investigação exaustiva" sobre a resposta das autoridades à catástrofe.

A Hawaiian Electric disse no domingo, num comunicado, que restaurou o fornecimento de eletricidade a 60% dos clientes que estavam sem energia desde terça-feira e que tem cerca de 300 pessoas no terreno para repor a energia aos restantes clientes.

A empresa, que não se referiu ao processo judicial, indicou que houve danos extensos nas partes do sistema elétrico que distribui energia às comunidades e que o sistema "ainda está frágil", obrigando os trabalhadores a proceder com cuidado.

A Hawaiian Electric admitiu que poderia haver "apagões intermitentes" e pediu aos moradores de Maui que tentassem poupar eletricidade e limitar o seu uso.

Dois dos três incêndios de Maui ainda estão ativos, segundo o último balanço feito no domingo pelo condado, que até agora apenas conseguiu verificar a identidade de duas das 93 vítimas confirmadas.

A polícia local sublinhou que o processo será moroso, uma vez que é necessária uma verificação genética ou dentária.

As entidades oficiais preveem que, à medida que as buscas prosseguem nas zonas devastadas, mais vítimas vão ser encontradas.

O governador do Havai, Josh Green, estimou as perdas materiais em cerca de seis mil milhões de dólares (cerca de 5,5 mil milhões de euros).

Estes incêndios são os mais mortíferos nos EUA em mais de 100 anos.

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Lusa/ Fim