"Aqui você [o Brasil] está numa reunião que participam todos os presidente da Europa e todos os presidentes da América Latina e Caribe. É a oportunidade não apenas para fazer acordos, discutir ações conjuntas dos dois continentes, discutir investimentos, como é extremamente importante fazer reuniões bilaterais para que se discuta a aproximação do Brasil com o mundo", declarou o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, numa transmissão ao vivo online.

"Nós concluímos a pauta do Mercosul [bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai] e já enviamos para os presidentes do Mercosul. Ela não vai ser discutida aqui porque não é a CELAC que tem que fazer o acordo, é só o Mercosul, mas estou achando a reunião extraordinária", acrescentou.

Na transmissão, Lula da Silva também afirmou que terá um encontro com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e com o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, país onde o avião presidencial do governante brasileiro deve pousar antes de regressar ao país sul-americano.

"Ainda tenho uma reunião hoje a tarde com a primeira-ministra da Dinamarca, tenho uma reunião com o chanceler da Alemanha, tenho um encontro com o primeiro-ministro de Portugal. Amanhã [quarta-feira] vou embora e vou passar em Cabo Verde porque o avião não chega diretamente. Vou aproveitar para passar em Praia, que é a capital de Cabo Verde, para conversar um pouco com o Presidente de Cabo Verde, e depois eu regresso ao Brasil", concluiu Lula da Silva.

Antes das declarações do Presidente brasileiro, o primeiro-ministro português, António Costa, defendeu a importância de Portugal e do Brasil aproximarem a UE e os países do Mercosul e considerou que Lula da Silva é "o campeão da luta contra as alterações climáticas".

"Falei várias vezes, ao longo destas intensas horas, com o Presidente do Brasil sobre o Mercosul [...] e a forma como quer Portugal, quer o Brasil podem ajudar a que o Mercosul e a UE se aproximem", considerou António Costa, em conferência de imprensa ainda antes do final dos trabalhos da cimeira entre a UE e a CELAC, em Bruxelas.

Questionado sobre o acordo comercial com a Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, que falhou em 2019, o primeiro-ministro recordou que o quadro político do Brasil era diferente na altura e que o então Presidente Jair Bolsonaro "não tinha nenhum compromisso com as alterações climáticas, cuja existência negava".

António Costa reconheceu que "há avanços entre os países do Mercosul" e que, em princípio, já está preparada a resposta que vai ser apresentada à União Europeia.

O objetivo, acrescentou, é que o acordo seja possível até ao final do ano, ainda sob a presidência espanhola do Conselho da UE.

O protocolo UE-Mercosul abrange 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população do mundo.

O acordo comercial foi estabelecido pelas partes em 2019, altura em que foram concluídas as negociações, mas a sua ratificação está paralisada por causa das reservas ambientais e também por receios comerciais de alguns países europeus.

No seu todo, a região da América Latina e Caraíbas é responsável por mais de 50% da biodiversidade do planeta, representando também 14% da produção mundial de alimentos e 45% do comércio agroalimentar internacional líquido. É ainda uma potência para energias renováveis, com as fontes alternativas a serem responsáveis por cerca de 60% do cabaz energético da região.

CYR (AFE/ANE) // PJA

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