Yolanda Díaz disse estar "absolutamente segura" de que Sánchez conseguirá os apoios após uma negociação com outros partidos que, no entanto, "não é simples".

"Mas sou otimista", acrescentou, numa conferência de imprensa em Madrid em que afirmou por diversas vezes ter certeza de que, na sequência das eleições de 23 de julho, Espanha voltará a ter um governo de coligação de esquerda, formado pelo partido socialista (PSOE) e pelo Somar.

Yolanda Díaz falou aos jornalistas depois de ter sido recebida pelo chefe de Estado de Espanha, o Rei Felipe VI, que hoje iniciou uma ronda de audiências com os partidos que conseguiram assento parlamentar com o objetivo de indicar um candidato a primeiro-ministro, que terá de ser votado e aprovado pelo plenário dos deputados.

O PSOE foi o segundo partido mais votado, mas tem mais aliados no parlamento do que o vencedor das eleições, o Partido Popular (PP, direita) e negoceia apoios com outras seis forças políticas.

Na semana passada, o PSOE superou o primeiro teste para a formação de novo governo de esquerda, ao conseguir ficar com a presidência do parlamento, após ter reunido o apoio de todos os partidos com quem tem de negociar a nova investidura de Sánchez.

Yolanda Díaz defendeu hoje que é possível reunir os mesmos os mesmos apoios da semana passada em torno de Sánchez e que essa é a única maioria parlamentar possível neste momento, sublinhando que o PP está "completamente isolado" e não tem qualquer possibilidade de formar governo.

A líder da extrema-esquerda espanhola admitiu que, porém, as negociações para a nova investidura de Sánchez estão "longe" de estar fechadas, incluindo as que decorrem entre PSOE e Somar.

Nas eleições de 23 de julho elegeram deputados 11 partidos ou plataformas de partidos, mas apenas sete serão ouvidos por Felipe VI entre hoje e terça-feira, porque forças independentistas e nacionalistas bascas, galegas e catalãs declinaram encontrar-se com o Rei de Espanha, por não lhe reconhecerem legitimidade política como chefe de Estado.

Sobre as negociações com os independentistas catalães, Yolanda Díaz afirmou hoje que o Somar criou um grupo de trabalho formado por "uma vintena de peritos" para estudar "saídas jurídicas pertinentes" para as reivindicações daqueles partidos, que incluem a amnistia de protagonistas da tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017, condenados ou acusados pela justiça espanhola.

Além do Somar (que elegeu 31 deputados), Felipe VI ouviu hoje a União do Povo Navarro (UPN, 1 deputado), a Coligação Canária (CC, 1 deputado) e o Partido Nacionalista Basco (PNV, 5 deputados).

A UPN e CC confirmaram que votarão em Feijóo para primeiro-ministro, se o Rei propuser o líder do PP para o cargo.

Com os apoios da UPN e da CC, Feijóo conseguiria 139 votos no parlamento e chegaria aos 172 com os do VOX (extrema-direita), que será recebido pelo Rei na terça-feira.

A maioria absoluta no parlamento espanhol são 176 deputados e o PP não tem mais aliados no plenário.

Na votação da presidência do parlamento, o PSOE reuniu 178 votos.

O dirigente do PNV Aitor Esteban reiterou hoje que o partido, que é de centro-direita e já apoiou a investidura do último governo de Sánchez, não está disponível para apoiar o PP, que tem condenado pelas alianças com a extrema-direita em governos regionais e municipais.

Aitor Esteban considerou, por outro lado, "um pouco precipitada" a ronda de audiências do Rei com os partidos, por faltar ainda "muita rodagem" às negociações do PSOE com os potenciais aliados.

O dirigente do PNV sugeriu que o Rei não deve indicar já um candidato a primeiro-ministro e "talvez deva esperar e fazer uma nova ronda" de audições.

VOX, PSOE e PP serão recebidos por Felipe VI na terça-feira.

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