A nova decisão foi comunicada cinco meses depois de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter aprovado um projeto de petróleo e gás na mesma região.

A área em questão corresponde a quatro milhões de hectares, comparável à dimensão da Dinamarca, e situa-se dentro da Reserva Nacional de Petróleo do Alasca (NPR-A), uma zona vital para as populações de ursos pardos, ursos polares, caribus e centenas de milhares de aves migratórias.

"O Alasca alberga muitas das maiores maravilhas naturais da América", afirmou Joe Biden.

"À medida que a crise climática aquece o Ártico - duas vezes mais depressa do que o resto do planeta -, temos a responsabilidade de proteger estas regiões durante os próximos séculos", acrescentou Biden.

O departamento governamental responsável pelos territórios federais dos Estados Unidos acrescentou que tinha cancelado sete licenças de exploração autorizadas pelo Presidente Donald Trump numa outra área protegida no norte do Alasca.

No mês de março, a Administração foi fortemente criticada pelos ambientalistas após a decisão de autorizar um vasto projeto petrolífero do gigante americano ConocoPhillips nesta mesma reserva petrolífera nacional.

Mesmo assim, a decisão anunciada na quarta-feira não põe em causa este projeto, conhecido como Willow e autorizado durante o mandato do ex-Presidente Donald Trump.

Reduzida a três zonas de perfuração das cinco inicialmente pedidas pela empresa, vai custar entre 08 e 10 mil milhões de dólares e deve resultar na emissão indireta do equivalente a 239 milhões de toneladas de CO2.

Na altura, grupos ambientalistas condenaram a medida como um desastre para o clima e alguns encaram o anúncio de quarta-feira como uma tentativa da Administração Biden de "recuperar o tempo perdido".

O novo plano também proíbe perfurações numa área de mais de um milhão de hectares no Mar de Beaufort, a norte da costa norte do Alasca, e prevê ajuda às populações locais.

Estas medidas "são ilegais, irrefletidas, desafiam o bom senso e são a mais recente prova da incoerência da política energética do Presidente Biden", criticou a senadora republicana do Alasca, Lisa Murkowski, em comunicado de imprensa, denunciando "a falta de consulta das comunidades" locais.

Da mesma forma, a democrata Mary Peltola, que representa o Alasca na Câmara dos Representantes, disse estar "profundamente frustrada", criticando a administração Biden por não ouvir as exigências do público.

Joe Biden também enfrentou a oposição de membros influentes das comunidades locais, que lamentaram o impacto económico das novas medidas.

"A nossa comunidade lutou arduamente para que a planície costeira fosse aberta ao aluguer de petróleo e gás", disse Annie Tikluk, Presidente da Câmara da cidade de Kaktovik, referindo-se às sete licenças concedidas.

"A nossa comunidade tem sido deixada para trás em termos económicos. Estamos constantemente à procura de oportunidades económicas para garantir a nossa sobrevivência a longo prazo", acrescentou.

Os observadores, refere a agência de notícia France Presse, dizem que Biden quer restaurar a sua reputação no que respeito às questões climáticas.

Durante a campanha eleitoral para a presidência, em 2020, Biden prometeu um congelamento das licenças de exploração de petróleo, uma promessa que não foi cumprida.

Por outro lado, as ações judiciais dos Estados com maioria do Partido Republicano limitaram a margem de manobra da Casa Branca nestas matérias.

No ano passado, o presidente democrata também fez aprovar um plano de "investimento climático" de 400 mil milhões de dólares.

De acordo com um estudo publicado em julho na revista Science, as medidas podem permitir reduzir as emissões de gases com efeito de estufa dos Estados Unidos entre 43% a 48% até 2035, em comparação com os níveis de 2005, mas não permite que os Estados Unidos reduzam para metade as emissões até ao final da década.

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Lusa/fim