Horas antes, a organização não-governamental CartoCrítica tinha anunciado que, de acordo com dados cartográficos, a construção do "Tren Maya", que terá uma extensão de mais de 1.500 quilómetros, já obrigou à destruição de 6.659 hectares de floresta.

Além disso, uma investigação conjunta da CartoCrítica, Centro Mexicano de Direito Ambiental e outras organizações defendeu que apenas 889,9 dos hectares desflorestados tinham recebido autorização para mudança do uso de solo.

O Semarnat rejeitou os dados como "distantes da informação oficial" e garantiu ter dado autorização para a mudança do uso de solo em toda a área onde já arrancou a construção do "Tren Maya": mais de 3.167 hectares.

Na semana passada, a organização não-governamental Tribunal Internacional dos Direitos da Natureza acusou o Governo do México de violar com este projeto os direitos ambientais e "os direitos bioculturais do povo maia" do sul do país.

Em fevereiro, um juiz do estado do Iucatão, no leste do México, tinha proibido o corte de árvores no troço do comboio turístico "Tren Maya" que irá ligar as zonas turísticas de Cancún e Tulum, região que atrai milhões de visitantes todos os anos.

A construção do "Tren Maya" tem também sido atrasada devido a alterações ao percurso e à descoberta de vestígios arqueológicos, de poços subterrâneos de água doce e de rios subaquáticos.

Em maio de 2022, um juiz suspendeu o projeto, na sequência de vários recursos de organizações não-governamentais, que acusaram a ligação de violar normas ambientais.

Os trabalhos foram retomados em 13 de julho de 2022, depois do Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, ter classificado os grandes projetos de infraestruturas públicas como questões de "segurança nacional".

Em 11 de maio, o Supremo Tribunal de Justiça mexicano declarou inconstitucional a decisão de López Obrador, por violar o direito dos cidadãos à informação sobre os projetos.

Mas horas mais tarde, o Governo voltou a classificar o "Tren Maya" como um projeto de "segurança nacional", desafiando a decisão judicial.

López Obrador disse querer inaugurar o comboio turístico, no sudeste do México, antes do fim do mandato, em 2024.

A adjudicação do primeiro lote desta infraestrutura ferroviária foi atribuída ao conglomerado português Mota-Engil, em parceria com a China Communications Construction, num contrato de cerca de 636 milhões de euros, de acordo com um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em abril de 2020.

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