No documento, o FSS lembrou que "o mercado financeiro global foi afetado por uma série de fatores desfavoráveis, incluindo a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, as sanções da Europa e dos EUA contra a Rússia [e] o aquecimento contínuo da situação geopolítica".

O fundo acrescentou que, numa "situação macroeconómica (...) instável e complicada" a nível mundial, a subida da inflação levou os bancos centrais de muitos países a subirem as taxas de juro.

A Autoridade Monetária de Macau aprovou, em maio, um aumento de 0,25 pontos percentuais da principal taxa de juro de referência, a décima subida desde março de 2022, seguindo a Reserva Federal norte-americana.

Devido às perdas em investimentos financeiros, as despesas totais do FSS ficaram perto de 14 mil milhões de patacas (1,6 mil milhões de euros) em 2022, mais 114,9% do que no ano anterior.

Também as receitas caíram 71,2% em comparação com 2021, fixando-se em 2,8 mil milhões de patacas (323 milhões de euros).

Deste valor, 11,4% veio das contribuições dos trabalhadores, atualmente fixada em 90 patacas (10,3 euros) por mês, e 13,4% da taxa que as empresas pagam para contratar pessoal do exterior.

No final de contas, o FSS registou um défice de 11,1 mil milhões de patacas (1,3 mil milhões de euros) no ano passado, o pior resultado desde a transição de administração de Macau, de Portugal para a China, em 1999.

Em junho de 2019, antes da pandemia da covid-19, o Governo implementou uma lei que garante a transferência de 3% do saldo do orçamento do território para o FSS, para responder à pressão do envelhecimento acelerado da população.

No relatório, o fundo indicou que em 2022 havia quase 137.500 residentes de Macau a receber a pensão para idosos, atualmente fixada em 3.740 patacas por mês (429 euros), mais 8.200 do que no ano anterior.

De acordo com uma projeção da Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) de Macau, divulgada em fevereiro, o número de idosos deverá, pela primeira vez e já este ano, ser superior ao número de jovens.

A DSEC prevê que os residentes com 65 anos ou mais passem de 83.200 pessoas em 2021 para 164.400 em 2041, ou seja, de 12,2% para 20,9%, um aumento que tornaria Macau num dos territórios mais envelhecidos do mundo.

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