"A França recorda que a segurança dos solos e do pessoal diplomático são obrigações decorrentes do direito internacional e, em particular, das Convenções de Viena", sublinhou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, em comunicado.

Na quarta-feira, o coletivo M62, que apoia o golpe de estado de 26 de julho que derrubou o regime do Presidente, Mohamed Bazoum, convocou uma nova manifestação a favor da junta militar e antifrancesa.

Foi também o M62 que convocou o protesto de domingo na capital do Níger, Niamey, que terminou com os manifestantes a tentarem partir as janelas da embaixada de França e entrar no complexo.

Ainda na quarta-feira, o M62 apelou à população de Niamey para "acampar pacificamente" junto ao aeroporto e instou a junta militar a condicionar a saída dos civis estrangeiros à "retirada imediata das forças [militares] estrangeiras".

Atualmente estão colocados no Níger para apoiar o país na luta contra o terrorismo cerca de 1.500 soldados franceses, assim como perto de mil soldados norte-americanos destacados para treinar as forças militares locais.

Itália e Espanha anunciaram a retirada dos seus cidadãos do Níger, enquanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros de França já efetuou quatro voos que resgataram quase mil estrangeiros, incluindo cinco portugueses.

Oito dos 10 portugueses identificados que manifestaram vontade de sair do Níger já foram retirados do país africano, anunciou na quarta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros português.

Na quarta-feira à noite, o general Abdourahamane Tchiani, que liderou o golpe de Estado no Níger, defendeu que os cidadãos franceses "não têm nenhuma razão objetiva para deixar" o país e garantiu que os franceses "nunca foram objeto da menor ameaça".

Num discurso transmitido pela televisão nacional do Níger, Tchiani criticou as atitudes "hostis e radicais" das nações vizinhas e da comunidade internacional e pediu à população que esteja pronta para defender o país.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) deu aos golpistas um ultimato que exige o regresso à ordem constitucional até domingo e levantou a hipótese de uma intervenção militar.

Numa reunião 'online' das Nações Unidas na terça-feira à noite, o enviado especial da ONU para a África Ocidental e o Sahel disse que esforços não militares estavam em andamento para restaurar a democracia no Níger.

"Uma semana pode ser mais do que suficiente se todos falarem de boa-fé, se todos quiserem evitar o derramamento de sangue", disse o moçambicano Leonardo Santos Simão.

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