"Neste momento esse protocolo está pronto para poder ser assinado e estamos disponíveis para começar a trabalhar imediatamente com o Governo moçambicano e com os empresários nesta dimensão", disse a ministra, em declarações à agência Lusa.

A governante encontra-se em visita a Maputo e esta manhã reuniu-se com alguns empresários portugueses do setor a operar em Moçambique, tendo avançado o princípio de acordo para a EDIA usar a sua experiência no país africano.

Explicou que Portugal "tem vindo a trabalhar desde há um ano a esta parte" na dimensão do uso da água e o uso do solo e que a proposta de protocolo para envolver a empresa pública EDIA está pronta para avançar.

"Que possa ajudar a estruturar a dimensão do regadio ou de regadios públicos coletivos e eficientes aqui em Moçambique. E que isso também ajude, nomeadamente ao uso da terra, que a propriedade da terra tem sido um entrave, nomeadamente ao desenvolvimento da agricultura", acrescentou Maria do Céu Antunes.

Para a ministra da Agricultura e da Alimentação de Portugal, esse apoio pode abranger o uso do solo e da água como "ativo", mas "também potenciando", através da instalação de sistemas fotovoltaicos para a produção de energia limpa, "que ajude também a construir sistemas mais resilientes e mais capazes de produzir mais com menos custo".

"Se olharmos para Alqueva, o que foi antes da EDIA e depois de EDIA, percebemos que ajudou a estruturar o uso da água, mas ajudou a estruturar também a utilização do solo para potenciar uma atividade agrícola, nomeadamente para podermos melhorar a nossa balança comercial, que tem sido essencial. E, portanto, é o mesmo que queremos ajudar a construir aqui, numa dimensão de sustentabilidade da atividade económica", insistiu.

Criada em 1995, a EDIA é tutelada pelo Ministério da Agricultura, tendo como missão conceber, executar, construir e explorar o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), contribuindo para a promoção do desenvolvimento económico e social de uma área de intervenção com 20 concelhos dos distritos de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal.

Com sede em Beja, a empresa refere ter uma orientação estratégica baseada nos eixos prioritários do aproveitamento do empreendimento assente no recurso "Água" e no aumento da produção e rentabilização dos investimentos nas infraestruturas criadas.

Maria do Céu Antunes participou na quarta-feira, em Maputo, no primeiro Fórum de Investimento União Europeia -- Moçambique, que visa potenciar as relações económicas entre o bloco e o país africano, através da iniciativa Global Gateway.

"Consideramos da maior importância aproximar a Europa do continente africano e promover o desenvolvimento sustentável da sua economia, seja do ponto de vista social, seja do ponto vista económico, seja do ponto de vista ambiental também", apontou.

A iniciativa europeia, defendeu, tem igualmente para Portugal "especial importância", por ser porta de entrada e saída da Europa para África: "Ainda por cima porque quando falamos de Moçambique, quando falamos da comunidade de língua portuguesa no continente africano, que é muito expressiva, nós podemos e devemos assumir aqui um papel muito preponderante".

"E, portanto, nós consideramos que este Global Gateway, que já tem obra física a acontecer de ligação dentro de Moçambique, através do estímulo à criação de portos, à recuperação de portos, a ferrovia, a rodovia, é absolutamente determinante para as empresas que aqui estão instaladas, muitas portuguesas", concluiu.

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