Ao 14º. dia da guerra entre Israel e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, estão a decorrer manifestações na maioria das cidades do Egito, informou a imprensa local.

Na Praça Tahrir, na capital egípcia, os manifestantes gritavam "Pão, liberdade, Palestina Árabe" e "O povo quer a queda de Israel", adaptando algumas das frases utilizadas durante a revolução de 2011 no Egito, que ditou a queda do então Presidente Hosni Mubarak.

A polícia conseguiu retirar os manifestantes da praça, que se dispersaram pelas ruas circundantes, segundo testemunhou um jornalista da AFP.

As manifestações são geralmente ilegais no Egito, mas, na quarta-feira, o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, declarou perante o chanceler alemão, Olaf Scholz, que caso pedisse "ao povo egípcio para sair às ruas, seriam milhões".

Os apoiantes do líder egípcio apelaram imediatamente para a realização de uma marcha (para hoje) para lhe dar um "mandato" para enfrentar a crise que ameaça espalhar-se pela região do Médio Oriente.

A par de Israel, o Egito é o único país do mundo com uma fronteira com a Faixa de Gaza.

É por isso que os planos para fornecer ajuda humanitária aos cerca de 2,3 milhões de habitantes de Gaza, metade dos quais são crianças, passam pelo território egípcio.

Um apoio que ainda hoje está pendente, mesmo após a visita do secretário-geral da ONU, António Guterres, ao posto fronteiriço de Rafah, entre o Egito e Gaza.

Al-Sisi convocou uma cimeira de paz para sábado, na qual estão convidados todos os países que desejam participar nas discussões para tentar alcançar um cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

Alguns analistas estão a observar estas manifestações de outra perspetiva, admitindo nomeadamente um possível aproveitamento por parte das autoridades egípcias.

"Há uma vontade de se apropriar da raiva popular", afirmou, em declarações à AFP, Moustafa Kamel al-Sayyed, professor de ciências políticas na Universidade do Cairo.

As manifestações, transmitidas em direto pelos meios de comunicação social próximos do Governo, são "uma expressão de solidariedade com o povo palestiniano, acompanhada de 'slogans' que exprimem o apoio ao Presidente e lhe dão autoridade para fazer o que quiser para proteger a segurança nacional do Egito", acrescentou o académico.

CSR // SCA

Lusa/Fim