Contudo, a evolução é distinta consoante os prazos dos depósitos, continuando "a verificar-se a tendência de substituição de depósitos à ordem por depósitos a prazo", segundo o regulador e supervisor bancário.

Assim, em outubro, os depósitos à ordem reduziram-se em 2,4 mil milhões de euros, enquanto os depósitos a prazo (que incluem os depósitos com prazo acordado e os depósitos com pré-aviso) aumentaram em 2,9 mil milhões de euros em termos homólogos (para cerca de 90 mil milhões de euros).

O Banco de Portugal indica mesmo que os depósitos a prazo tiveram uma taxa de variação anual de 6,6%, relativamente a outubro de 2022, sendo esta taxa de crescimento "a mais elevada desde julho de 2012". Esta taxa (diferente da taxa de variação homóloga) é, segundo explica o BdP, calculada com base no montante das transações (concessão e amortização/reembolso de depósitos), retirando outras variações (por exemplo, cambiais e reclassificações).

Quanto a empresas, o total de depósitos de empresas era, no final de outubro, de 65,3 mil milhões de euros, praticamente estável (0,36%) face a outubro de 2022. Já em relação a setembro o crescimento é de 1,2% (800 milhões de euros).

Ao longo deste ano, os bancos têm divulgado que os clientes têm levantado depósitos para pagamento antecipado de créditos e, nos primeiros meses deste ano, para aplicações em certificados de aforro.

Já mais recentemente tem havido um aumento das taxas de juro nos depósitos a prazo.

Na semana passada, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse que tem havido uma evolução da remuneração nos depósitos e fez um "apelo a uma atuação mais efetiva" por parte dos clientes, considerando que há inércia.

Centeno afirmou que "as ofertas existentes no mercado permitiriam antecipar uma subida mais rápida das taxas de juro dos novos depósitos do que a que se verifica".

Segundo os últimos dados do Banco Central Europeu (BCE), em setembro, era de 2,29% a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo constituídos em Portugal, abaixo da média da zona euro (3,08%).

Portugal era, assim, o quinto país da zona euro que remunerava pior os depósitos a prazo em setembro. Ainda assim, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares de 2,29% representou o valor mais alto desde abril de 2013 em Portugal.

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