"As eleições ocorreram no pior momento possível para quem estava a governar", sustentou o ex-chefe do Governo numa entrevista à apresentadora de televisão Cristina Ferreira, na TVI, lembrando que a inflação estava a começar a ceder, a confiança dos consumidores melhorar e as taxas de juro a dar sinais de abrandamento.

Segundo António Costa, "era difícil ter um pior contexto económico e social" para realizar eleições e, além disso, com um primeiro-ministro envolvido num processo judicial, tudo junto criou um efeito adverso para o partido no governo".

Costa, que anunciou que passará a escrever uma crónica aos sábados no jornal Correio da Manhã e irá comentar na nova televisão do grupo de media daquele jornal, admitiu ser difícil assumir um cargo europeu a breve prazo.

Questionado sobre o exercício de um cargo europeu, o anterior primeiro-ministro respondeu que "depende das circunstâncias", mas "com um processo pendente é muito difícil haver essa solução".

Quanto à sua nova vida, Costa disse que "há pequenos luxos que se ganham", como "ter o telemóvel desligado à noite" ou "não pôr o despertador" para acordar de manha.

Relativamente ao momento da sua demissão do cargo de primeiro-ministro, a 07 de novembro, na sequência da operação Influecer, Costa descreveu-a como uma "sensação de ser atropelado por um comboio e ter ficado vivo", mas mostrou-se convicto de que, no final, ficará provada a sua inocência.

"Eu conheço o último episódio desta série, não sei é quantos episódios esta série vai ter ou quantas temporadas", ironizou, dizendo depois sentir que a confiança das pessoas em si "não se quebrou".

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