O comandante do Exército participou, em Brasília, numa cerimónia realizada por ocasião do Dia do Soldado, que contou com a presença de dezenas de autoridades do Governo e do Congresso brasileiro, encabeçada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, que representou o Presidente da República do país, Luiz Inácio Lula da Silva, que realiza uma visita oficial a Angola.

A comemoração coincide com um momento em que a Justiça e uma comissão parlamentar investigam as ligações de alguns militares da comitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro com o ataque às sedes dos três poderes em Brasília no dia 08 de janeiro.

Entre os investigados por estes acontecimentos estão vários oficiais e suboficiais das Forças Armadas, todos alinhados com grupos de extrema-direita liderados por Bolsonaro e que não reconheceram a vitória de Lula da Silva nas eleições de outubro passado.

Esta semana, o deputado Arthur Maia, presidente da comissão parlamentar que investiga a tentativa de tomada e poder, visitou o alto comando militar e elogiou o compromisso constitucional das Forças Armadas.

"O facto de alguns militares se terem envolvido nos atos antidemocráticos que levaram ao 8 de janeiro" deve "ser separado da grande maioria das Forças Armadas", declarou Maia.

Segundo o parlamentar, "havia muitos cidadãos e até militares que queriam intervir" e impedir que Lula da Silva assumisse o poder, mas isso não "mancha" as instituições militares, que "foram as que garantiram a defesa e o sucesso da democracia."

Nas declarações de hoje, o general Paiva reforçou a posição do deputado.

Num discurso dirigido aos militares, garantiu que eles são "fiéis depositários dos brasileiros, pela extrema dedicação ao cumprimento da missão constitucional e ao absoluto respeito pelos princípios éticos e morais".

O chefe militar acrescentou que "este comportamento coletivo não se conjuga com eventuais desvios de comportamento, que são repudiados e corrigidos" nas Forças Armadas que, sublinhou, mantêm o pleno respeito pelas instituições democráticas.

CYR // JH

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