"Aqui estamos a contabilizar prejuízos, estamos mal, os rebeldes invadiram e queimaram 11 casas, uma viatura e uma moageira", disse uma fonte local, em Chinda, aldeia do posto administrativo de Diaca, adiantando que o ataque ocorreu perto das 20:30 (19:30 em Lisboa).

Segundo a mesma fonte, não há registo de vítimas deste ataque, mas a incursão na aldeia não foi mais grave porque os moradores comunicaram às Forças de Defesa e Segurança (FDS), que prontamente se deslocaram para o local.

"Nós temos uma força perto da aldeia, comunicamos e interveio, por isso é que o pior não aconteceu", disse a fonte.

Apesar da pronta intervenção das Forças de Defesa e Segurança, os moradores de Chinda dizem-se preocupados, tendo em conta que este ataque ocorreu numa aldeia que está perto de uma posição militar, numa estrada principal que liga os distritos do norte da província.

"Ficamos inquietados. Como é possível terroristas atacarem e a dois quilómetros tem uma força militar", apontou.

Após o ataque, algumas pessoas procuraram refúgio junto ao posto administrativo de Diaca, que conta com uma posição avançada das FDS.

"Há pessoas que ontem [quinta-feira] não dormiram aqui", disse outra fonte a partir de Chinda.

A comunidade de Chinda, Mocimboa da Praia, faz fronteira com o distrito de Muidumbe, através do rio Muela, na estrada nacional número 380, uma das poucas asfaltadas na região, ligando aos distritos mais a norte, como por exemplo Palma, Mueda, Nangade e Mocímboa da Praia.

Chinda é igualmente o cruzamento da estrada que dá acesso ao posto administrativo de Mbau, local também atacado pelos rebeldes, mas onde as comunidades já começaram a regressar na sequência de vários anúncios da reposição da segurança.

A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Essa insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul de região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.

RYCE // MLL

Lusa/Fim