O lançamento da operação "Tempestade Al-Aqsa" abriu "com o lançamento de mais de 5.000 foguetes em direção ao coração de Telavive", indicou o comandante das Brigadas de Al-Qasam, Mohamed Deif, numa rara declaração pública, divulgada pela agência de notícias palestina Maan.

O comandante lamentou que os pedidos do Hamas de "intercâmbios humanitários" tenham sido rejeitados e que "as violações na Cisjordânia continuem todos os dias".

Da mesma forma, e numa parte da sua declaração recolhida pelo 'The Times of Israel', o comandante do Hamas aproveita para pedir aos árabes israelitas "que peguem em armas contra Israel", numa declaração dirigida a uma comunidade devastada por meses de extrema violência entre os seus clãs, enquanto lamentava a passividade do Governo israelita na contenção deste derramamento de sangue.

"Hoje, o povo está a recuperar a revolução e a reativar a Marcha do Retorno", diz Al-Daif antes de exortar "os árabes em Jerusalém e dentro de Israel, no Negev e na Galileia a atearem fogo à terra sob os pés dos ocupantes".

Militantes do grupo infiltraram-se hoje na cidade israelita de Sderot, onde eclodiu uma batalha com tropas israelitas, bem como na fronteira com Gaza, onde militantes raptaram dezenas de soldados israelitas, mortos e feridos, conforme confirmado pelas Brigadas.

Segundo a milícia, os seus membros libertaram prisioneiros palestinianos da prisão israelita de Ashkelon (Ascalão), e, em vídeos divulgados nas redes sociais, também são vistos nas ruas de Gaza com um veículo militar israelita e com o cadáver de um soldado.

O grupo islâmico Jihad Islâmica, também com forte presença e com um braço armado dentro de Gaza, informou que se juntou ao ataque do Hamas: "Fazemos parte desta batalha e os nossos combatentes lutam ao lado dos seus irmãos do Hamas, ombro a ombro, até à vitória", declarou.

Segundo meios de comunicação de Israel, os múltiplos ataques de Gaza apanharam os serviços de inteligência de Israel desprevenidos.

No entanto, em resposta, o Exército israelita lançou um ataque contra múltiplos alvos do Hamas na Faixa de Gaza, ainda sem informação disponível sobre a sua extensão exata.

Além do estado de guerra declarado pelo Exército, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, ordenou a mobilização dos reservistas e anunciou "uma situação especial de segurança" dentro de Israel, "num raio de zero a 80 quilómetros da Faixa de Gaza", o que permite que o Exército "forneça instruções de segurança aos civis e feche locais relevantes".

Enquanto as sirenes continuam a soar continuamente em várias partes de Israel - incluindo Jerusalém - o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou que o Gabinete de Segurança se reunirá hoje, às 13:00 locais (10:00 TMG), para analisar a situação após uma primeira reunião às 09:30 (06:30 TMG).

Até ao momento, a escalada deixou três mortos, um em Israel e dois em Gaza, segundo fontes oficiais, embora estes sejam números provisórios.

Numa cidade israelita perto de Gaza, "uma mulher com cerca de 60 anos morreu vítima de um impacto direto (de um foguete)", disse o serviço de emergência israelita, que também relatou 15 feridos, dois em estado grave, seis em estado moderado e sete com ferimentos leves.

Em Gaza, "dois palestinianos foram mortos esta manhã e muitos outros ficaram feridos, alguns gravemente, num bombardeamento israelita a leste do campo de refugiados de Bureij", no centro do enclave, na sequência de uma troca de tiros entre milícias de Gaza e forças israelitas, indicou a agência de notícias oficial palestina, Wafa.

"Na expectativa de uma feroz retaliação israelita, todos os tipos de atividades, incluindo escolas e universidades, bem como empresas na Faixa de Gaza, pararam e as pessoas ficaram em casa", acrescentou.

No entanto, Saleh al Arouri, um alto funcionário do Hamas, também apelou aos palestinianos na Cisjordânia "para travarem esta luta", que descreveu como "uma operação em grande escala destinada a defender a mesquita de Al-Aqsa", em Jerusalém, "e libertar os prisioneiros palestinos".

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