Blinken, que visitou Israel várias vezes desde que eclodiu a guerra entre o Estado judaico e o grupo islamita palestiniano Hamas, a 07 de outubro, "instou a que sejam tomadas medidas imediatas para responsabilizar os colonos extremistas pela violência contra os palestinianos na Cisjordânia", indicou o Departamento de Estado num comunicado.

"Os Estados Unidos continuam empenhados na adoção de medidas práticas para promover um Estado palestiniano que viva em paz, liberdade e segurança ao lado de Israel", acrescentou o chefe da diplomacia norte-americana, na sua reunião com Netanyahu.

A Cisjordânia ocupada e Israel vivem a sua maior espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-2005), um fenómeno que se agravou desde a eclosão da guerra entre Israel e o Hamas, a 07 de outubro.

Desde então, 248 palestinianos da Cisjordânia (entre os quais mais de 60 menores) foram mortos em circunstâncias violentas, a maioria por fogo das tropas israelitas, mas nove deles por ataques de colonos, incluindo um menino, e cerca de 3.000 ficaram feridos.

O encontro entre Blinken e Netanyahu ocorre depois de se terem registado dois incidentes de segurança: um em Jerusalém, no qual um palestiniano matou a tiro três israelitas, e outro na Cisjordânia, onde um alegado atropelamento intencional causou ferimentos ligeiros em dois soldados israelitas.

Também acontece no sétimo dia de cessar-fogo temporário entre Israel e o Hamas, após um acordo mediado pelos Estados Unidos, o Qatar e o Egito que inclui a troca de reféns nas mãos do grupo islamita por presos palestinianos em prisões israelitas, assim como a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Antony Blinken reafirmou o apoio dos Estados Unidos ao direito de Israel a proteger-se da violência terrorista, nos termos do Direito Internacional Humanitário, e exortou Israel a tomar todas as medidas possíveis para evitar infligir danos aos civis, indicou o Departamento de Estado.

Segundo o Governo local, desde 2007 controlado pelo Hamas, a guerra fez até agora na Faixa de Gaza mais de 15.000 palestinianos mortos, na maioria civis, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU, mergulhando o enclave numa grave crise humanitária. Do lado israelita, há registo de mais de 1.200 mortos.

O secretário de Estado está a tentar prolongar o cessar-fogo, mas Netanyahu deixou claro que retomará os ataques à Faixa de Gaza assim que recuperar os reféns.

"Nós jurámos, eu jurei, eliminar o Hamas. Nada nos deterá", disse o primeiro-ministro israelita, segundo um comunicado divulgado pelo seu Governo.

"Continuaremos esta guerra até alcançarmos os três objetivos: libertar todos os reféns, eliminar completamente o Hamas e garantir que nenhuma ameaça como esta volta a surgir de Gaza", sublinhou.

Em seguida, o chefe da diplomacia norte-americana reuniu-se com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia, tendo este defendido um cessar-fogo definitivo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

"Abbas sublinhou a necessidade urgente de impor um cessar-fogo total em Gaza e de pôr fim à agressão israelita, com o objetivo de não expor os civis aos bombardeamentos, à violência e à destruição infligidos pela maquinaria de guerra israelita", noticiou a agência oficial palestiniana Wafa.

O responsável palestiniano também "frisou a importância de aumentar a ajuda humanitária, médica e alimentar, bem como de fornecer rapidamente água, eletricidade e combustível ao povo palestiniano em Gaza".

No encontro com Abbas, Blinken "analisou os esforços em curso para acelerar a entrega de ajuda humanitária a Gaza, inclusive aumentando as pausas humanitárias", indicou o Departamento de Estado em comunicado.

Mahmud Abbas entregou a Blinken um relatório exaustivo documentando "os crimes da ocupação israelita na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém, que engloba provas de assassínios, destruição, limpeza étnica e outras atrocidades cometidas pelas forças de ocupação israelitas", segundo a Wafa.

Além disso, Blinken defendeu a criação de um Estado palestiniano, ao passo que Abbas apelou para que seja concedido à Palestina o estatuto de Estado-membro de pleno direito da Organização das Nações Unidas (ONU).

"As soluções militares e de segurança [para o conflito israelo-palestiniano] demonstraram o seu fracasso e não permitirão alcançar a segurança e a estabilidade na região", sustentou Abbas.

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