A última redução tinha sido feita em setembro de 2020.

"O Comité avalia que a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação, permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária", indicou o Banco Central, em comunicado.

Com esta decisão, o emissor brasileiro, o primeiro na América Latina a aumentar as taxas de juro para fazer face ao aumento da inflação mundial, juntou-se ao Chile entre os primeiros a iniciar uma redução gradual do custo do dinheiro.

O corte da taxa básica de juros estava dentro das expectativas do Governo brasileiro, já que o ministro da Finanças, Fernando Haddad, havia dito que o órgão tinha espaço para reduzir as taxas em 0,50 pontos percentuais sem ameaçar os seus esforços para combater a inflação.

O Banco Central manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, o nível mais alto em quase sete anos, por pouco mais de um ano, com o argumento de que era necessário combater a inflação.

Com o mesmo argumento, a taxa de base da maior economia da América Latina foi gradualmente aumentada de 2,0% ao ano em setembro de 2020, o seu nível mais baixo da história, para 13,75% ao ano em maio do ano passado.

O Brasil tem registado baixos níveis de inflação nos últimos meses e, em junho, registou uma deflação de 0,8%, em relação ao mês anterior.

O controlo dos preços permitiu que a taxa de inflação homóloga descesse de 12,13% em abril do ano passado, o seu nível mais elevado em seis anos, para 3,16%, em junho, o seu nível mais baixo em quase três anos, desde setembro de 2020 (3,14%).

O Brasil encerrou 2022 com uma inflação de 5,79%, inferior à de 2021 (10,06%), mas acima do teto da meta do banco central para o ano (5,0%), e os economistas esperam que a taxa caia para 4,84% em 2023.

Perante a queda acentuada da inflação e a sua relutância em reduzir as taxas, Lula chegou a acusar o Banco Central de tentar sabotar a economia do país para defender os interesses do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), que nomeou a maioria dos atuais responsáveis do Banco Central.

"Esperamos que hoje o Copom tome a decisão que já deveria ter tomado a três reuniões atrás de reduzir a taxa de juros, porque não tem explicação. Vamos ver o que vai acontecer", declarou Lula em um café com correspondentes estrangeiros"disse o chefe de Estado brasileiro, horas antes de a decisão ser conhecida, numa conferência de imprensa que deu a correspondentes estrangeiros, no Palácio do Planalto, em Brasília.

MIM // MAG

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