No relatório de previsões económicas regionais, e face à edição publicada em abril, o BAD reviu em alta a taxa de inflação para este ano, em 0,3 pontos percentuais, para 5,8%, com uma queda de três pontos percentuais prevista para 2024.

"O crescimento tem sido dificultado pela lentidão na execução das despesas orçamentais. As previsões de inflação são revistas em alta, em grande medida devido a preços mundiais das matérias-primas mais elevados", considera o BAD.

Segundo o documento, há "riscos significativos com a previsão" e "Timor-Leste depende fortemente das exportações de petróleo bruto e das importações de alimentos, o que expõe o país à volatilidade de forças económicas mundiais".

"A volatilidade dos preços causada por interrupções na oferta pode agravar ainda mais a insegurança alimentar, algo que também pode ser exacerbado pelo clima e por riscos de catástrofes que prejudicam a vida das populações, performance económica e infraestruturas", nota.

O BAD refere-se ao resultado das últimas legislativas, afirmando erradamente que foi eleita uma maioria absoluta de uma força política - o Governo é formado pela aliança do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) e do Partido Democrático) -- o que considera poderá levar a maior estabilidade, "sustendo assim reforma da administração pública e sustentabilidade financeira a longo prazo".

O relatório dá conta do impacto nas economias em desenvolvimento da região, incluindo Timor-Leste, que o fenómeno do El Niño poderá ter na atividade económica e nos preços dos recursos, especialmente produtos agrícolas.

O BAD recorda que o preço do arroz asiático aumentou mais de 60% durante o período do El Nino de 1986 a 1988.

Timor-Leste é um de mais de 20 países da região onde, segundo a FAO, já risco de seca ou chuva em excesso, sendo que países que são maioritariamente importadores de alimentos, como Timor-Leste, "poderão ter que enfrentar preços mais elevados" de bens.

"Em relação ao arroz, que depende fortemente de clima favorável e é crucial para a segurança alimentar da região, recentemente os preços subiram devido às incertezas sobre o impacto do El Niño e a proibição da exportação de arroz da Índia", refere o BAD.

"A redução da disponibilidade de arroz ocorre numa altura inoportuna. Devido à invasão russa de Ucrânia os fornecimentos de trigo estão mais condicionados, aumentando a procura global por arroz", nota.

O BAD refere que a Índia, a Tailândia e o Vietname "representam, em conjunto, mais de metade das exportações mundiais de arroz" e que uma redução na produção ou exportação nesses países "terá um impacto significativo no abastecimento mundial e nos preços do arroz".

No relatório, a instituição com sede em Manila, manteve a previsão de crescimento do PIB em 4,8% para 2024 nos países analisados da Ásia-Pacífico, enquanto a inflação deverá ser de 3,5% no próximo ano.

Por região, o PIB do leste asiático aumentará 4,4% em 2023, em comparação com 2,8% em 2022, e 4,2% em 2024, enquanto no sudeste asiático o crescimento será de 4,6% em 2023 e 4,8% em 2024. O sul da Ásia vai crescer 5,4% em 2023 e 6% no próximo ano, segundo as previsões.

Para quase toda a região o BAD prevê uma estabilização na inflação, que no ano passado atingiu 4,4%, embora em locais como o Paquistão se espere que atinja 29,2% este ano e 25% em 2024 e que no Sri Lanka seja de 18,7% em 2023 e 5,5% no próximo ano.

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