Carmen Van-Dúnem Neto dos Santos, que interveio na segunda edição do fórum de investimentos Economia Azul Sustentável, que decorreu hoje no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais, acrescentou à Lusa que, do encontro que teve de manhã com o seu homólogo português, António Costa Silva, resultou o reconhecimento de que existe "uma trajetória e vontade" para que os dois países possam "trazer investimento para as áreas dos oceanos".

"Foi um encontro bem produtivo e nós estivemos a falar um pouco sobre o que temos até agora estabelecido, o que foi feito no momento com base em acordos anteriores e tentámos também perceber o que queremos fazer para o futuro. Mas também olhando para a nossa posição nas agências multilaterais e fundamentalmente voltadas para o investimento na economia azul. Portanto, há pontos muito similares", destacou.

"Há aqui uma trajetória e vontade para que efetivamente possamos trazer o investimento para as nossas áreas dos oceanos", adiantou.

Cármen Van-Dúnem Neto dos Santos disse, ainda, que no encontro com António Costa Silva foi abordada "a perspetiva de ver o que é que se pode fazer com as 'start ups', qual é a possibilidade de, com Portugal", olhar "para as 'start ups' da economia azul" para se perspetivar o "desenvolvimento através do crescimento azul, com empresas que possam trabalhar no âmbito da economia azul, olhando mesmo para as diferentes áreas que a economia azul (...) chama".

"Olhámos até aí um pouco para as áreas da bioprospecção, que é agora uma demanda internacional e também para o que Portugal quer, que é a questão das energias renováveis. Olhando para a eólica e para a força que agora Portugal está a demonstrar", acrescentou.

Na intervenção que apresentou no painel em que participou, "Oceano como catalisador da bioeconomia (Bioeconomia azul: a importância do financiamento para o seu efeito de alavanca)", Cármen Van-Dúnem Neto dos Santos salientou as especificidades do seu país, que tem 6 mil rios, totalizando 150 mil quilómetros, uma fronteira marítima de 1.650 quilómetros, e uma Zona Económica Exclusiva com uma área superior a 518 mil quilómetros quadrados.

Os principais desafios são de ordem financeira e a perceção de alto risco, designadamente a falta de 'know-how' e o facto de muitos investidores verem a economia azul como "território por demarcar e arriscado".

Quanto às oportunidades que este setor apresenta, a ministra angolana destacou a possibilidade de Angola "poder criar uma gama variada de recursos relacionados com a aquacultura", com o consequente aumento das capturas de peixe que se refletirá na melhoria do abastecimento do mercado interno e ainda na exportação.

"O crescimento sustentável da bioeconomia azul em Angola, como em qualquer setor emergente, depende fortemente do contínuo afluxo de capital e investimento", pelo que Cármen Van-Dúnem Neto dos Santos abordou a criação de parcerias público-privadas, o acesso a fundos de investimento especializados e 'blue bonds' ('obrigações azuis').

Nesse sentido, Angola acena com incentivos fiscais, plataformas de 'crowdfunding' e investimento e formação de jovens empresários no setor da bioeconomia azul, que poderão contribuir para a criação de "um ecossistema empresarial próspero e inovador".

EL // MLL

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