Se não conseguir ver esta newsletter clique aqui.

 
Image

Newsletter diária • 06 mar 2023

 
Facebook
 
Twitter
 
Instagram
 
 
 

Bispos não afastam padres abusadores sem mais provas e até Papa João Paulo II ocultou casos

 
 

Edição por Gonçalo Lopes

Os abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa têm sido tema de destaque nos últimos dias em Portugal, sobretudo depois de na última sexta-feira os bispos portugueses terem analisado em assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa o relatório da Comissão Independente 'Dar Voz ao Silêncio'.

E têm sido destaque, sobretudo, porque foram feitos pedidos de desculpas, muitos, promessas de apoios às vítimas, muitas, mas não houve uma posição firme tomada pela Igreja, face aos alegados abusadores. Registaram-se então muitas críticas a esta posição dos bispos, que defendem que todos têm direito a julgamento antes de serem 'condenados'.

Houve mesmo quem assumisse que a Igreja tinha muitos dados para poder atuar face aos alegados abusadores, mas o Patriarcado foi taxativo: nenhum padre será afastado "sem os factos comprovados".

“Se nós tivermos factos, e factos comprovados e sujeitos a contraditório, claro - nós estamos num país de direito e de leis - só pode ser feita pela Santa Sé, não é uma coisa que um bispo possa fazer por si”, referiu o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente.

Muita polémica em cima da mesa e pior ficou esta segunda-feira, ao saber-se que, antes de se ter tornado papa, João Paulo II teve conhecimento e ocultou casos de pedofilia, de acordo com um canal de notícias da Polónia.

Quando era cardeal e bispo de Cracóvia, Karol Wojtyla soube de atos de pedofilia cometidos na sua diocese por padres, que foram transferidos de paróquia para evitar um escândalo, adiantou o autor da investigação, Michal Gutowski.

Uma testemunha, que não quis ser identificada, confirma na reportagem que informou pessoalmente o cardeal Wojtyla sobre os atos de pedofilia cometidos por um padre em 1973.

"Wojtyla queria, em primeiro lugar, ter certeza de que não se tratava de uma mentira. Pediu que ninguém fosse informado e disse que se encarregaria do assunto", contou a testemunha, acrescentando que o cardeal lhe perguntou explicitamente se seria possível manter o assunto em sigilo.