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Newsletter diária • 29 mar 2023

 
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O que levou ao ataque no Centro Ismaili? PJ duvida que tenha sido terrorismo

 
 

Edição por António Moura dos Santos

O país ainda se pergunta: o que terá levado Abdul Bashir, o refugiado afegão de 34 anos, a atacar mortalmente duas mulheres no Centro Ismaili de Lisboa?

Enquanto não se encontra a resposta certa, vão se descartando as erradas. Hoje, o diretor nacional da Polícia Judiciária disse não haver “um único indício" de terrorismo, no ataque cometido no Centro Ismaili. Pelo contrário, Luís Neves apontou como causa provável "um momento de surto psicótico", mas isso “só uma perícia psiquiátrica poderá avaliar".

"Logo após o conhecimento destes factos, foi ativada a unidade de coordenação anti-terrorista, na perspetiva de aportar mais e melhor informação. Relativamente aos factos, ainda não passaram 24 horas, o que podemos dizer é que estão afastadas todos os sinais de que possamos estar aqui perante um crime terrorista, está praticamente afastado. Estamos a falar de dois crimes graves. No dia de ontem e toda a noite, a PJ trabalhou na perspetiva de poder dizer se estávamos perante um facto de natureza terrorista ou de crime comum, pois isto mudava tudo. Mas estamos perante a prática de um crime de natureza comum, sustentamos isto com o mapeamento da vida desta pessoa, quer no seu território de origem, na Grécia, ou entre nós, onde está desde 2021. De tudo o que foi recolhido, não há o mínimo indício ou sinal que estamos perante a radicalização de uma pessoa", disse Luís Neves, que salientou ainda haver "respostas por dar".

O ângulo psiquiátrico, de resto, já estava a ser explorado desde ontem, quando se soube que Bashir sustentava sozinho três filhos melhores em Portugal depois de ter perdido a mulher no incêndio que deflagrou no campo de refugiados de Lesbos, na Grécia. "As minhas condições de vida são muito difíceis”, disse, num vídeo publicado em 2021. 

Essa tese do desvio mental ganha mais força quando se sabe que a Polícia Judiciária está a investigar um telefonema que o agressor recebeu momentos antes de iniciar o ataque mortal. Aparentemente, Bashir estava no Centro Ismaili quando recebeu um telefonema misterioso, que o terá deixado muito nervoso, dado que segundos depois partiu para o ataque com uma faca de grande porte. Porque carregava uma faca? E qual terá sido o conteúdo dessa chamada?

São questões por responder. Mas uma coisa é certa: quer sejam causados por radicalização religiosa e ideológica ou por circunstâncias desesperadas, há sempre formas de evitar estes incidentes, porque Portugal tem uma boa rede de preparação para o apoio aos refugiados e migrantes. No entanto, esta sofre o mesmo problema que muitos outros serviços oferecidos pelo Estado: falha na sua divulgação.

 
 
Patrícia Reis
 
 

O mundo continua a girar, apesar de existirem pessoas que fogem à regra; pessoas que não têm um horário das nove às seis, um chefe e um escritório. Continuar a ler