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Newsletter diária • 14 fev 2023

 
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O dia é dos namorados — mas não há razões para celebrá-lo

 
 

Edição por António Moura dos Santos

Há quem olhe para o Dia de São Valentim com resignação e enfado, há quem aproveite a data para fazer demonstrações públicas de afeto, há quem o rotule de uma mera manobra de apelo ao consumismo e há quem, pura e simplesmente, goste da ideia de que haja “amor no ar”.

Mas não é só amor que está no ar, bem pelo contrário. Os dados revelados durante a madrugada pela Polícia de Segurança Pública pintam um quadrado menos cor-de-rosa do que os tons a que nos habituamos no Dia dos Namorados: as queixas por violência no namoro registadas por esta força de segurança aumentaram 10% em cinco anos.

Ao todo, foram recebidas 10.480 queixas por violência no namoro entre 2018 e 2022, sendo a maioria das vítimas mulheres. Segundo a PSP, em 2018 foram registadas 1.920 queixas, no ano seguinte 2.185, em 2020 diminuíram para 2.051, voltando a subir em 2021 para 2.215 e, no ano passado, as denúncias voltaram a baixar, registando-se 2.109.

Estes valores não nos revelam tudo o que precisamos de saber: será que os números têm vindo a subir porque há mais violência inter-relacional? Ou será que há apenas mais queixas, mais pessoas a recorrerem às autoridades, e não necessariamente mais casos de violência?

A segunda leitura dos dados é mais benigna, porque nos indica que há um aumento da consciencialização de que a violência no namoro não deve ser normalizada, mas nem isso chega para reduzir o alerta, até porque nem só de agressões físicas se constitui.

A polícia salienta que a violência no namoro assume vertentes física, psicológica, social, sexual e económica e essa violência pode ser concretizada através de injúrias, ameaças, ofensas, agressões, humilhação, perseguição ou devassa da intimidade.

Dada a gravidade da situação, o Ministério da Saúde deixou hoje um apelo para que haja tolerância zero face à violência no namoro.

A secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, considera urgente uma maior sensibilização e mobilização das pessoas para a tolerância zero em relação a comportamentos violentos, nomeadamente em contexto de namoro e relações de intimidade, manifestando o apoio público às iniciativas de promoção de relações saudáveis e prevenção da violência lançadas no país, disse hoje em comunicado.

“Queremos abolir todas as formas de violência interpessoal. Relativamente à violência no namoro, temos de ser capazes de intervir na construção de uma sociedade mais consciente, atenta e ativa contra todo e qualquer comportamento abusivo e manifestação de desrespeito pelo outro. A promoção de ambientes e normas sociais intolerantes à violência são essenciais para reduzir este fenómeno”, afirma Margarida Tavares na nota enviada às redações.

Como tal, a Direção-Geral da Saúde e do Programa Nacional de Prevenção da Violência no Ciclo de Vida lançou, esta semana, uma campanha onde apresenta conselhos para os mais jovens e para toda a população sobre relações interpessoais saudáveis, alertando para o impacto negativo na saúde de relacionamentos abusivos.

Por outro lado, a PSP volta a realizar uma operação de sensibilização e informação nas escolas sobre a prevenção da violência doméstica, nomeadamente a violência no namoro, a iniciativa destina-se a jovens entre os 13 e os 18 anos.

Por fim, um apelo: se é vítima destas formas de violência ou conhece quem seja, apresente queixa  nas esquadras, junto das Equipas da Escola Segura (contexto escolar) ou das Equipas de Proteção e Apoio à Vítima, além de poder ser solicitado apoio através escolasegura@psp.pt ou violenciadomestica@psp.pt.

 
 
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