Se não conseguir ver esta newsletter clique aqui.

 
Image

Newsletter diária • 13 fev 2023

 
Facebook
 
Twitter
 
Instagram
 
 
 

Abusos na Igreja Católica. Os números que vale a pena reter

 
 

Edição por António Moura dos Santos

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica apresentou durante toda a manhã os resultados da sua investigação. O documento final, que ainda não foi tornado público, terá mais de 500 páginas.

Se quiser ler em detalhe o que foi dito e discutido durante a manhã, pode seguir o link da notícia abaixo. Por aqui, deixamos apenas algumas das conclusões e números que valem a pena reter:

  • Há 512 testemunhos de abusos sexuais na Igreja validados;
  • Estes testemunhos são relativos a, "no mínimo", 4.815 vítimas — o número pode ser bem maior;
  • A maioria das vítimas foi abusada quando tinha entre 10 e 14 anos, sendo que a média é de 11 anos;
  • Há casos em todos os distritos, mas os cinco mais relevantes são Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Leiria — a incidência nestes distritos explica-se, em parte, pela existência de seminários ou outras instituições religiosas;
  • O pico dos abusos deu-se entre 1960 e 1990 — 60% ocorreu nas décadas de 60, 70 e 80. No entanto, mais de um quarto dos casos foi registado desde 1991 até hoje;
  • 97% dos abusadores são do sexo masculino e 77% eram padres — 47% tinham relações próximas da criança;
  • Os cinco principais locais de ocorrência dos abusos foram seminários, igrejas internas, confessionários, casas paroquiais e escolas católicas;
  • Predominam as formas de abuso mais invasivas sobre as que não envolvem contacto físico com as vítimas — no caso do sexo masculino, manipulação de órgãos sexuais, sexo anal e masturbação. No caso do sexo feminino, predominância é de insinuações;
  • Predominam os casos de abusos continuados sobre atos únicos e isolados — em 57,2% dos casos, os abusos ocorreram mais do que uma vez; em 27,5% dos casos, os abusos duraram mais do que um ano. O abusador está presente em proximidade com a vítima, antes, depois e durante o ato em si;
  • Existe um enorme impacto psicológico das vítimas que só se revela na vida adulta. 52% só revelou o abuso, em média, 10 anos depois de este ocorrer. Em 43% das queixas, as vítimas só revelaram os casos de abuso quando contactaram a Comissão;
  • 77% das vítimas nunca apresentaram queixas à igreja e apenas em 4% dos casos houve queixas judiciais;
  • Foram enviadas 25 queixas para o Ministério Público, mas a maioria já prescreveu.

O caso da Igreja Católica destapa apenas ligeiramente o problema global do abuso sexual — a equipa da Comissão constatou, com base em 331 estudos independentes publicados em 217 publicações, que 18% por cento das meninas e 8% por cento dos rapazes são vítimas de abuso sexual antes dos 18 anos. Tais números revelam "a necessidade de se realizar um estudo a nível nacional".

Duas consequências podem, para já, extrair-se deste relatório:

  • Quanto aos alegados abusadores que estão ainda no ativo, uma lista será enviada à CEP até ao final do mês, para que a Igreja atue, e também ao MP, que decidirá se vai haver ou não investigação criminal consoante os casos;
  • Foi proposta pela Comissão que a idade limite para apresentar queixa quanto a abusos sexuais enquanto menor — que neste momento é de 23 anos — seja aumentada para os 30 anos. A justificação prende-se com a idade das pessoas e dificuldade de verbalizar o que lhes aconteceu.
 
 
Trade Deadline: 48 horas de loucos
 
 

Desporto