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Newsletter diária • 09 out 2023

 
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A ofensiva do Hamas pode estender-se

 
 

Edição por Alexandra Antunes

O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que batizou como “Espadas de Ferro”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está “em guerra” com o Hamas.

O ataque surpresa do Hamas contra Israel é resultado de uma operação cuidadosamente coordenada e que pode estender-se ao longo do tempo, com as acusações do Ocidente contra o Irão como pano de fundo.

Como chegámos aqui?

A ofensiva começou na madrugada de sábado — dia sagrado para os judeus —, num momento simbólico: os 50 anos da guerra árabe-israelita do Yom Kippur.

"É um grande fracasso para Israel e um grande sucesso para o Hamas", lamenta Kobi Michael, investigador da organização independente INSS, afiliada da Universidade de Telavive. "Não estávamos preparados", reforça.

O alcance da ofensiva não deixa dúvidas. "Para lançar uma operação como esta é preciso muita preparação, planeamento, coordenação e ter perspetivas e objetivos importantes", acrescentou, afirmando que o Hamas "sabe muito bem que o preço de uma operação assim será muito alto".

O Hamas já tinha feito algo parecido?

Em maio de 2021, o Hamas surpreendeu Israel com o lançamento de milhares de projécteis chegando a lançar cerca de 100 em poucos minutos, com o objetivo de saturar o sistema antiaéreo israelita.

Naquela época, 4.360 foram disparados em 15 dias contra Israel, enquanto agora, em apenas dois dias, cerca de 3.000 foram disparados, explica Elliot Chapman, especialista no Oriente Médio da empresa de Inteligência britânica Janes.

Se o Hamas mantiver este ritmo, "seria o maior ataque com foguetes contra Israel até agora", disse à AFP.

"O Hamas deve ter ainda um significativo arsenal de foguetes de reserva e parece provável que possa manter o fogo durante muito tempo", alertou Fabian Hinz, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês).

E o conflito pode continuar?

Este grupo islâmico palestiniano possui um arsenal difícil de decifrar. Porém, há uma certeza: é muito variado.

O armamento provém do Irão, da Síria, da Líbia e de outros países do Médio Oriente, afirma um especialista em armas, que mantém uma conta na rede social X (antigo Twitter) sob o pseudónimo Calibre Obscura. Por sua vez, as armas rápidas do Hamas têm como origem a China e a antiga União Soviética, com "quantidades importantes roubadas ou apreendidas durante os combates com o Exército israelita", afirma o especialista, evocando também drones e granadas.

A maior parte dos projécteis do Hamas são fabricados localmente: "sistemas de mísseis não guiados", que "não requerem tecnologia avançada" e são pouco precisos, explica Elliot Chapman.

Mas segundo Fabian Hinz, o Hamas pode inspirar-se no Hezbollah, organização paramilitar do Líbano, que esconde as suas capacidades militares. "Poderíamos ver o surgimento de capacidades inteiramente novas no caso de uma invasão terrestre da Faixa de Gaza" por Israel, acrescenta.

*Com agências