Depoimentos divergentes dos arguidos Paulo Blanco e Orlando Figueira levaram o tribunal a aceitar uma acareação entre os três intervenientes e, no final, todos mantiveram as declarações anteriores, mantendo as contradições.

“Reitero tudo o que disse nestes dois dias”, “é completamente falso”, “é triste e lamentável” ou “é tudo uma fábula, uma teoria da conspiração”, foram algumas frases proferidas pelo presidente do Banco Privado Atlântico, Carlos Silva, que durante a acareação esteve sempre calmo, impávido a olhar para os intervenientes.

Orlando Figueira, visivelmente nervoso e por vezes irritado confrontou Carlos Silva sobre o encontro entre ambos no hotel Trópico de Luanda e os convites para ir para o Banco Privado Atlântico, e no almoço num hotel em Lisboa em que lhe ofereceu 15 mil euros mensais para ir trabalhar para Angola, alegações que o banqueiro continuou a negar.

“Mente com todos os dentes”, acusou o ex-procurador, o que lhe valeu uma reprimenda do juiz presidente.

O ex-procurador, acusado de corrupção neste processo, acusou Carlos Silva de enviar um “cidadão angolano a soldo” para intimidar a irmã, já no decurso do julgamento, que lhe disse para “empurrar para o morto, porque os mortos não falam”, numa referência a Paulo Marques, que Orlando Figueira iria, alegadamente, substituir no BPA Angola, e que já faleceu.

O juiz insistia para Carlos Silva responder aos “ataques” de Orlando Figueira, mas a testemunha apenas dizia: “Não mudo nada, reitero rigorosamente tudo. É falso”.

Paulo Blanco, por sua vez, também desmentiu o banqueiro, confirmando o encontro causal em Luanda com Orlando Figueira, as conversas sobre trabalho com Carlos Silva a insistir que era mentira.

O advogado considerou que o chamado “acordo de cavalheiros” entre Orlando Figueira e Proença de Carvalho, a pedido de Carlos Silva, segundo a versão do ex-procurador, prejudicava apenas a ele e ao ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, também visado neste processo.

Quanto à “agenda” ou motivos para que este processo existisse, Paulo Blanco defende que “era para queimar Manuel Vicente”, o que levou Carlos Silva a questionar se tinha de confirmar factos que não cometeu apenas “para libertar Manuel Vicente”.

“Não metam o Manuel Vicente aqui, ele não tem nada a ver com isso”, disse a testemunha, para quem os arguidos construíram uma história com depoimentos falsos para depois fazer sentido.

A Operação Fizz assenta na acusação de que Manuel Vicente pagou 760 mil euros a Orlando Figueira, para que este arquivasse dois inquéritos, um deles o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril em 2008.

Os intermediários para esse acordo, segundo o Ministério Público, foram Armindo Pires e Paulo Blanco que, alegadamente, estiveram envolvidos na celebração de contratos falsos (promessa, trabalho e revogação) e na realização de pagamentos.

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