“Nunca estabelecemos um prazo (…) Eles estabeleceram um, mas não é aquele com que estamos a trabalhar”, disse o porta-voz de Boris Johnson, o primeiro-ministro britânico.

O ministro britânico do Ambiente, George Eustice, deverá voltar às conversações com o comissário europeu para os Assuntos Marítimos e as Pescas, Virginijus Sinkevicius, na sexta-feira à noite, depois de terem falado na quarta-feira, acrescentou o porta-voz, sublinhando que “todas as discussões sobre o assunto foram construtivas”.

“Há um processo técnico em curso, com base em provas e não em prazos”, acrescentou.

Esta questão é fonte cresceste de tensão entre Londres e Paris, que acusa o Reino Unido de não cumprir com o acordado quanto à atribuição de licenças de pesca.

A ministra do Mar francesa, Annick Girardin, avisou hoje que se as licenças reclamadas não forem concedidas até sexta-feira, referindo-se ao prazo fixado por Bruxelas para a resolução das disputas de pesca, a França pedirá uma reunião a nível europeu e entrará “em litígio”.

“Se todas as licenças não forem concedidas até amanhã (sexta-feira) à noite, a França vai solicitar a reunião do conselho de parceria”, disse Girardin, que tenta garantir a aplicação do acordo pós-‘Brexit’.

“Obtivemos 1.004 licenças e ainda estamos à espera de 94. Isto não é um pormenor, é uma questão essencial: trata-se de pescadores, famílias. Um trabalho no mar significa quatro empregos em terra”, acrescentou a ministra perante a comissão de assuntos europeus do Senado francês.

Ao abrigo do acordo do ‘Brexit’, assinado no final de 2020 entre Londres e Bruxelas, os pescadores europeus podem continuar a trabalhar nas águas britânicas, desde que provem que lá estiveram a pescar anteriormente.

Contudo, franceses e britânicos ainda não se entenderam sobre a natureza e a extensão dos documentos comprovativos a serem fornecidos.