Depois de aumentar as taxas diretoras para o nível mais elevado de sempre, o BCE está a marcar uma pausa no ciclo sem precedentes de aperto monetário que o levou a aumentar as taxas dez vezes desde meados de 2022.

Pela terceira vez desde outubro, sem surpresas, no final da primeira reunião deste ano do Conselho do BCE, no 41.º andar da torre da instituição em Frankfurt, deverá sair a declaração de que decidiu manter as três taxas de juro diretoras inalteradas.

Os banqueiros centrais que são membros do BCE foram claros nas mais recentes declarações, nomeadamente durante o fórum de Davos da semana passada: são baixas as probabilidades de a instituição de Frankfurt relaxar a política monetária antes do verão.

Este é o horizonte mencionado pela presidente do BCE, Christine Lagarde, que considerou “prováveis” cortes nas taxas durante este período, ao mesmo tempo que insistiu na importância dos “dados” futuros, sobre a evolução dos preços ou dos salários.

O BCE mantém-se cauteloso, num contexto de múltiplas crises, com destaque para os preços da energia menos previsíveis no contexto da guerra entre Israel e o Hamas e a crise no Mar Vermelho, que também está a aumentar os custos dos transportes.

A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito estão fixadas em 4,50%, 4,75% e 4,00%, respetivamente.

O elevado custo do dinheiro abrandou o financiamento da economia, limitando a procura de crédito e, por extensão, a de bens e serviços, ajudando a controlar os preços que dispararam com os efeitos da guerra na Ucrânia sobre os custos do gás e do petróleo.

O aumento dos preços no consumidor atingiu 2,9% num ano em dezembro, na zona euro, muito longe do pico de 10,6% alcançado em outubro de 2022. Ainda assim, representa um ligeiro salto, por efeito estatístico, após a inflação de 2,4% registada em novembro.

Nos Estados Unidos, onde os mercados estão a considerar um primeiro corte nas taxas em março, os responsáveis da Reserva Federal norte-americana (Fed) também moderaram as expectativas, indicando que ainda há muito a fazer para trazer a inflação de volta para a meta de 2%.