"Tivemos um boa pré-temporada. Acho que demos passos em frente. Se olhar para os últimos doze meses, quando fiz a primeira corrida com este carro [GEN3], e comparar com a confiança que tenho agora, demos um grande passo em frente", começou por dizer Félix da Costa ao SAPO24.  

"Espero melhorar em termos de qualificação, em corrida estamos bem, conseguimos fazer boas corridas, mas as qualificações não eram boas e o foco na pré-temporada, pelo menos 90%, foi em melhorar esse aspeto. Agora é ver se o plano correu bem", explicitou Félix da Costa.

Para o piloto da Porsche, que é uma de três equipas que não mudaram a sua dupla de pilotos para esta temporada, toda esta evolução serve para "estar na luta por todas as provas e obviamente o campeonato". Em relação aos rivais, o piloto português tem "a certeza de que toda a competição melhorou", mas espera que a evolução da sua equipa "tenha sido maior".

Para Henrique Chaves, comentador DAZN Portugal para a Fórmula E, António Félix da Costa "vai fazer uma temporada ao nível da que fez na DS, quando foi campeão em 2020. Olhando para os testes de Valência [testes de pré-temporada] ele foi o terceiro mais rápido, só atrás dos Jaguar. Acho que o carro está competitivo", disse ao SAPO24.

A "Porsche quando entra, entra sempre para ganhar" e na Fórmula E a marca germânica ainda não venceu nenhum título desde a sua entrada em 2019. Para Chaves, "a pressão pode ser um pouco maior porque Jake Dennis venceu [o título da temporada passada] com uma unidade motriz da Porsche. Eu acho que isso diz um pouco do que foi a temporada anterior da Porsche. Tinham um pacote competitivo, mas não conseguiram mostrá-lo, enquanto que a Andretti conseguiu".

Essa pressão de vencer por parte do construtor alemão fez com que o departamento de desportos motorizados tomasse a decisão de não deixar Félix da Costa competir no Campeonato do Mundo de Resistência (FIA WEC) na equipa da Jota. Mas, para Chaves, essa questão pode beneficiar Félix da Costa, tendo apenas o foco na competição elétrica.

"Ele vai estar focado 100% na Fórmula E e acho que vai estar a lutar pelo título", disse Chaves sobre o que espera da temporada de António Félix da Costa.

Um dos maiores rivais de António Félix da Costa, na potencial luta pelo título, pode ser o atual detentor do troféu Jake Dennis. O piloto britânico da Andretti, que se sagrou pela primeira vez campeão do mundo, em declarações à Fórmula E, recorda que "há sempre algum pormenor que podes melhorar. Continuamos a ter uma excelente unidade motriz. Acho que para este ano é mais afinar pormenores. A DS certamente deve aproximar-se de nós e também vai ser difícil de bater a Jaguar e a equipa da Porsche. Fazer o que fizemos no ano passado, muitos pódios sem vitórias, vai ser muito difícil".

Para Henrique Chaves, para além de Dennis, Pascal Wehrlein pode ser outro porque o primeiro "rival a bateres é sempre o teu companheiro de equipa. Mas, numa luta 'roda com roda', não acho que eles se vão envolver. Vai haver ordens de equipa, com toda a informação disponível".

Apesar disto, Chaves coloca a Jaguar como "equipa mais forte do que a Porsche", apontando a dupla "Mitch Evans e Nick Cassidy" como uma "dupla espetacular, com um carro espetacular", embora também não retire da equação da luta por títulos os pilotos da DS, que com "um carro competitivo, Jean-Eric Vergne e Stoffel Vandoorne são uma equipa bastante forte".

Primeira corrida de 2024, o e-Prix Cidade do México

A visita ao Autódromo Hermanos Rodriguez marca a oitava vez que a competição está no México. Com um circuito que engloba 19 curvas, algumas muito técnicas, um dos pontos de atração para os adeptos é a passagem pelo estádio (Foro Sol). Para 2024, existiram mudanças no traçado, com uma nova chicane na reta posterior, enquanto a zona de ativação do Attack Mode está agora do lado de fora da curva 15.

O Autódromo Hermanos Rodrigues "é um circuito muito característico, com zonas rápidas e zonas muito técnicas. Por exemplo a reta da meta, da curva um até à curva três e depois da curva seis até à curva nove, com uma chicane ali pelo meio, serve para regenerar energia", explicou Chaves ao SAPO24.

"Mas, há que ter cuidado. Com o cone de ar e a regeneração é sempre possível poupar energia, o que significa que quem vai à frente pode gastar mais um pouco e tem de usar estes espaços que mencionei para regenerar mais, e é aí que o pelotão se pode 'colar' ao líder. Mas, as lutas, neste pelotão competitivo, podem ser benéficas para o líder, que se pode escapar e fazer uma excelente gestão de corrida. Há que ter atenção, especialmente dentro doForo Sol, que é uma zona muito lenta e técnica, onde podem haver toque e danos nos carros", finalizou Chaves.

Em relação ao México, Félix da Costa explicou ao SAPO24 que espera que esta primeira ronda sirva para saber "onde estão em termos competitivos" em relação a todo o plantel da Fórmula E.

O e-Prix Cidade do México pode ser visto em Portugal a partir das 20h deste sábado no canal Eurosport 2, ou no canal 4 da DAZN Portugal.

O que é o Campeonato do Mundo FIA Fórmula E?

O Campeonato do Mundo FIA Fórmula E é um campeonato de fórmulas 100% elétricos. Já na sua terceira evolução, o GEN3 é o carro que atualmente corre nas pistas citadinas utilizadas por este campeonato.

Este campeonato entrega dois títulos separados, um dedicado aos pilotos e outro dedicado às equipas. O Campeonato Mundial de Pilotos é concedido ao piloto que acumular mais pontos ao longo da temporada. O Campeonato Mundial por Equipas é decidido pela pontuação combinada dos pares de pilotos de cada equipa ao longo da temporada.

Os fins-de-semana de corrida consistem numa corrida de apenas um dia, onde se efetuam treinos livres, qualificação e corrida no mesmo dia. Cada evento tem dois treinos livres com trinta minutos de duração. Logo após estas sessões, os pilotos vão à sessão de qualificação que consiste em dois grupos de 11 pilotos, ordenados pela classificação no Campeonato, que batalham pelo tempos mais rápidos.

Os quatro mais rápidos de cada grupo passam à próxima parte da qualificação, onde se compete em Duelos até se chegar ao Duelo final, onde se encontra o piloto que vai sair da pole positon para a corrida.

A corrida e-Prix tem um número previsto de voltas, à qual se podem adicionar mais aquando de situações com o Safety-Car ou Full Course Yellow, antes das três voltas finais da corrida.

Durante cada e-Prix, os pilotos podem beneficiar da vantagem do Attack Mode, ao passarem nas zonas denominadas para tal. Na Temporada 9, foi introduzido o Attack Charge, que usa a bateria pioneira e tecnologia de carregamento, permitindo carros GEN3 recebam um aumento de energia durante a corrida através de uma paragem. Esta paragem é obrigatoriamente de 30 segundos.

Double-header

A maioria dos eventos ocorre apenas num um dia de forma a minimizar o impacto nas cidades onde se disputam os e-Prix.  Mas, hoje em dia já existem fins-de-semana onde se pode ter eventos de dois dias. Os horários quase iguais, sendo que a única diferença é que no segundo dia apenas existe um treino livre de 45 minutos.